Preparação. Eis que uma multidão de músicos adentram o maravilhoso palco boca-de-cena, com certeza apaixonadíssimos pelo que fazem. Em fileiras paralelas, fecham-se num semicírculo todas as vozes que ressoarão harmonicamente daqui a instantes.
Anteriormente, no palco estão dispostos os instrumentos de cordas: à direita está o soberano da orquestra (apesar de ser o menor deles em tamanho), o violino, com sua voz à semelhança da humana é seguido pelas arcaicas violas, que representam as mais graves vozes femininas; à esquerda mais cordas, as mais graves delas por sinal, seguem os violoncelos entre as pernas dos instrumentistas e os corpulentos contrabaixos que emitem vozes que retumbarão como trovões.
Às costas dos membros de voz grave do quarteto de cordas (violoncelo e contrabaixo), se dispõem os metais. Os instrumentos busínicos explicitarão toda sua personalidade bipolar daqui a pouco, sobretudo o trombone: passam de sombrios à triunfais, de pujantes à cristalinos de acordo com o tono e a intensidade empregada em suas execuções.
No meio, centro do semicírculo, adiante do pódio do maestro, encontram-se as vozes límpidas das flautas e flautins, também os assexuados clarinetes (clarinetas ou clarnetos, dependendo da hora) os fagotes e claro, as vozes fanhosas dos oboés. Ao fundo, atrás dos sopros de madeira estão os “gringos” da percussão, o árabe tambor e as espânicas castanholas, ao lado do ilustríssimo tímpano e do primitivo triângulo. Aqui não há discriminação, todos desempenharão os seus papeis de maneira complementar.
Por fim, a harpa, o instrumento que proporcionou êxtase aos deuses do Olimpio, encontra-se acompanhada das violas, ansiando por ser dedilhada.
Hora da afinação: os instrumentos entoam um lá diapasonal. As cordas se tencionam pelos apertos das cravelhas e as boqueaduras dos sopros são ajustadas.
Os músicos e o auditório se acomodam, ansiando as primeiras notas com o olhos e ouvidos atentos.
Vai começar. O maestro Fabio Mechetti adentra o palco ao som dos intensos aplausos e com sua batuta segue em direção ao seu pódio. O silêncio geral se fez no Cine-Theatro Central em Juiz de Fora.
Ao comando do regente, as diferentes vozes se misturam num prelúdio vagaroso, porém com alma. Ele direciona por blocos os instrumentos afins, equilibrando-os em intensidade, assim dando vida à sinfonia. É impressionante como nada se perde, é impossível perceber uma só voz devido à homogeneidade da execução. Em andamento adagio, as varas friccionam as cordas com carinho, os instrumentistas de sopro beijam seus instrumentos com volúpia e os percursionistas massageiam seus preciosos, ao passo que o dirigente movimenta seus membros num ballet interativo maestro-orquestra.
O corpo sobre o pódio começa a vigorar seus movimentos e, num instante os tons pianos outrora emitidos, começam a gozar da sonoridade com força. As mãos dos músicos também se agitam: os cordistas punhetam seus instrumentos, as baquetas dos percursionistas somem em meio à velocidade, e os demais seguem entremeando virtuosas escalas às pausas breves.
O maestro se põe eufórico, agita-se. Seu corpo desloca-se de um ponto a outro com a destreza de um atleta, chegando a dar saltos para tal façanha. A música acelera, acelera... ao passo que a platéia prepara-se para o grand finalle. Os músicos aparentam dar tudo de si para um desfecho triunfal. Os cabelos se esvoaçam, o ritmo cardíaco fica à mil, até que notas destacadas crescem em intensidade, - crescem e crescem. Uma pausa mínima se faz durante o percurso dos stacattos... ...sendo sucedida pela última nota da noite. Esta em fortizzimo, estende-se por um compasso inteiro. Quando... novamente, ressurge o silêncio, que é logo interrompido por cinco minutos de aplausos vivazes em retribuição à magnífica apresentação made in Brazil.
Anteriormente, no palco estão dispostos os instrumentos de cordas: à direita está o soberano da orquestra (apesar de ser o menor deles em tamanho), o violino, com sua voz à semelhança da humana é seguido pelas arcaicas violas, que representam as mais graves vozes femininas; à esquerda mais cordas, as mais graves delas por sinal, seguem os violoncelos entre as pernas dos instrumentistas e os corpulentos contrabaixos que emitem vozes que retumbarão como trovões.
Às costas dos membros de voz grave do quarteto de cordas (violoncelo e contrabaixo), se dispõem os metais. Os instrumentos busínicos explicitarão toda sua personalidade bipolar daqui a pouco, sobretudo o trombone: passam de sombrios à triunfais, de pujantes à cristalinos de acordo com o tono e a intensidade empregada em suas execuções.
No meio, centro do semicírculo, adiante do pódio do maestro, encontram-se as vozes límpidas das flautas e flautins, também os assexuados clarinetes (clarinetas ou clarnetos, dependendo da hora) os fagotes e claro, as vozes fanhosas dos oboés. Ao fundo, atrás dos sopros de madeira estão os “gringos” da percussão, o árabe tambor e as espânicas castanholas, ao lado do ilustríssimo tímpano e do primitivo triângulo. Aqui não há discriminação, todos desempenharão os seus papeis de maneira complementar.
Por fim, a harpa, o instrumento que proporcionou êxtase aos deuses do Olimpio, encontra-se acompanhada das violas, ansiando por ser dedilhada.
Hora da afinação: os instrumentos entoam um lá diapasonal. As cordas se tencionam pelos apertos das cravelhas e as boqueaduras dos sopros são ajustadas.
Os músicos e o auditório se acomodam, ansiando as primeiras notas com o olhos e ouvidos atentos.
Vai começar. O maestro Fabio Mechetti adentra o palco ao som dos intensos aplausos e com sua batuta segue em direção ao seu pódio. O silêncio geral se fez no Cine-Theatro Central em Juiz de Fora.
Ao comando do regente, as diferentes vozes se misturam num prelúdio vagaroso, porém com alma. Ele direciona por blocos os instrumentos afins, equilibrando-os em intensidade, assim dando vida à sinfonia. É impressionante como nada se perde, é impossível perceber uma só voz devido à homogeneidade da execução. Em andamento adagio, as varas friccionam as cordas com carinho, os instrumentistas de sopro beijam seus instrumentos com volúpia e os percursionistas massageiam seus preciosos, ao passo que o dirigente movimenta seus membros num ballet interativo maestro-orquestra.
O corpo sobre o pódio começa a vigorar seus movimentos e, num instante os tons pianos outrora emitidos, começam a gozar da sonoridade com força. As mãos dos músicos também se agitam: os cordistas punhetam seus instrumentos, as baquetas dos percursionistas somem em meio à velocidade, e os demais seguem entremeando virtuosas escalas às pausas breves.
O maestro se põe eufórico, agita-se. Seu corpo desloca-se de um ponto a outro com a destreza de um atleta, chegando a dar saltos para tal façanha. A música acelera, acelera... ao passo que a platéia prepara-se para o grand finalle. Os músicos aparentam dar tudo de si para um desfecho triunfal. Os cabelos se esvoaçam, o ritmo cardíaco fica à mil, até que notas destacadas crescem em intensidade, - crescem e crescem. Uma pausa mínima se faz durante o percurso dos stacattos... ...sendo sucedida pela última nota da noite. Esta em fortizzimo, estende-se por um compasso inteiro. Quando... novamente, ressurge o silêncio, que é logo interrompido por cinco minutos de aplausos vivazes em retribuição à magnífica apresentação made in Brazil.
Da vontade de ouvir... ver... sentir a música de forma presente como esse presente que você nos deu. Trouxe um gole de música pela primeira vez! Como se você já não estivesse bastante enfiado nessa realidade! Para os que não sabem Jonatan é um cantor de primeira, além de dominar bem a guitarra/violão.
ResponderExcluirParabens ao escritor que aqui se expõe! Um abraço pelo gole bem dado!
Transformou uma apresentaçao da Orquestra em um festival sonoro orgasmico! Otimo texto, apesar de fechar meus olhos depois de tanta exitaçao nos momentos finais. Um cigarro, é tudo que eu preciso agora...
ResponderExcluirAo invés de fonoaudiologia, você deveria estudar mésica, cara!
ResponderExcluirVejo você como um maestro!
Embora eu não tenha entendido 90% dos termos músicais presentes no texto, você fez com que eu me sentisse realmente num concerto!
Parabéns!
Abraço!