UM GOLE DE IDEIAS

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.: Um Gole De Ideias :. -> Dois anos no ar!

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quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Resoluções de Fim de Ano



Não vou mais ser preconceituoso com as pessoas. Menos com moto-boy. Ô, raça! Prometo gastar menos dinheiro com coisas visivelmente supérfluas. Não, perfume não é supérfluo. Garante que eu atraia as mulheres. Pesquisas científicas conceituadas afirmam que o cheiro do homem pode contribuir para um relacionamento adulto, consensual e proveitoso. Tudo bem, nada de perfumes então!

Vou perder peso. Li uma vez que os bonitos ganham dezoito por cento a mais que pessoas esteticamente menos favorecidas. Isso mesmo! Não importa sua graduação, se tem MBA ou um curso específico na área. Se for feio, está fudido e menos rico. Tudo por que o cérebro toma no mínimo onze decisões sobre uma pessoa que a gente acaba de conhecer em sete segundos. Beleza é a mais importante delas.

Vou parar de tomar remédios reguladores de humor. Não sei por que os tomo. Isso! Como não sei por que ingiro aquela quantidade exacerbada de droga tarja-preta, não preciso tomá-los. Mas tudo é tão ruim. As pessoas são ruins. O mundo é ruim. Eu sou tão ruim (Choro). Mas o futuro é promissor e cheio de esperança! Há vida! Há sonhos para se concretizar... Ou para serem frustrados! Onde está meu remédio?

Vou dedicar parte do meu tempo às causas sociais, ser mais solidário. (Tem um pedinte chato na minha porta, pedindo um pouco de comida. Que chato! Logo agora que eu estou escrevendo para o blog. Ele pode esperar. Ficou com fome até agora, pode agüentar umas horinhas!). Ser altruísta é o que há. Dizem que o cérebro de quem doa trabalha melhor e se sente mais recompensado. MERDA DE MENDIGO, FILHO DA PUTA! ESPEEERA...

Vou se mais sincero comigo mesmo. Tipo, eu não vou exigir muito de mim, já que me conheço bem. Nada de comportamentos radicais, ou seguir uma dieta macrobiótica e louca. Ou me esforçar para parecer o que eu não sou, ou fazer coisas que não me agradam. Caraca, contradisse tudo o que prometi a cima! Eu sou o pior
dos seres humanos. QUE POBRE FODA! PARA DE PEDIR COMIDA! Ah, Feliz Ano Novo!

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

UM ENCONTRO DE PECADOS


Desfilando pelo carpete vermelho do finíssimo restaurante parisiense Pecados Capitais, Luxúria ostenta toda sua volúpia e riqueza. Deparou-se com a recepcionista e ríspida questiona:

- Jeune fille, minha mesa está reservada para às 20:00 horas. Ah... espero por uma convidada, sabe se ela já se encontra no recinto?

- Hummm... deixe-me ver... Si, mademoiselle. Já se encontra a madame Gula. – Disse a subalterna de maneira sucinta e formal, fitando a agenda que continha as reservas da noite, a fim de despachar a esnobe dama.

À procura da mesa número seis, a linda dama de vermelho, em slow motion mexe no seus cabelos e caminha em passos finos pela passadeira francesa, seduzindo todos os bigodes que abundavam as mesas precedentes a de Gula. Avistando-a, olhou para a amiga, que estava com os lábios reluzentes de gordura e, a abordou “delicadamente”.

- Ah, sua rolha de poço, não disse que me esperaria para o jantar?

- Si... mas, eu estava com tanta fome que decidi me antecipar. Me acompanha neste gigot d'ageneau? Esse pernilzinho de cordeiro está uma delicia.

- Não tenho fome, ou melhor, estou de dieta. Quero muito poder usar aquela provocante fantasia no baile que está por vir. Eu estou ficando horrível!

- Você, a mais bela de todas, que provoca desejos insaciáveis a todos os homens? Me ofende com esta falsa modéstia.

- Ah, Gula! Não vem, que não tem. Até porque, a Inveja nem está presente hoje. Mas realmente eu preciso perder alguns quilinhos.

- Garçon, traga-me uma salada landaise – disse Luxúria com uma voz soprosa, denotando toda sua sensualidade, certa de que o seu pedido não demoraria mais que cinco minutos para ser entregue.

- Ah, traga um desses franguinhos castrados para mim!? Um chapon bem macio, está bem!? - Disse Gula eufórica, demonstrando toda sua necessidade alimentar.

- Pois não, mademoiselles. Peço apenas que aguardem um momento.

Gula, tocou com polidez seu ventre, percebendo o quanto distendido ele estava. Mas ainda assim, não havia saciado toda sua vontade.

- Gula, pelo visto você tem faltado as consultas com a psicóloga para dar cabo a esta necessidade insaciável por comida - Debochada, ri silente.

- E você, tem ido à sua? Vejo que sua anorexia ainda prevalece, ainda que oculte-a perante tanta fome de sexo. Enxerga-te, meretriz! - Gula contra-ataca.

sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Efeito consciência


Imagine se, apenas por um instante, pudéssemos voltar no tempo e mudar um fato significativo de nossas vidas, apenas um. Impedir aquele grande amigo de sair de moto, evitando o acidente que o matou naquele triste sábado, prevenir aquela tia que tanto gostava, de que talvez ela devesse fazer alguns exames, estes poderiam ter evitado que o câncer a levasse embora... Ou quem sabe mudar um fato que, para a maioria das pessoas pode parecer banal, como terminar com aquele namorado que não amava, evitando, assim, que tivesse sofrido tanto por abandoná-lo quando já era tarde, quando a situação se tornara insustentável e a fez perder a razão pela demasiada hesitação em fazer o óbvio quando era a hora certa.

Escolha difícil, não é?

Talvez seja por isso, afinal de contas, que viajar ao passado seja fisicamente impossível! Há fatos demais para serem mudados. O melhor mesmo - pondera-me a vozinha chata chamada consciência - seria aproveitar as pouquíssimas chances que a vida nos dá para repensarmos nossas atitudes, fazer o que é certo, ou então termos a coragem da qual necessitamos para consertar nossos erros antes que se transformem em finais infelizes. Mas eu, senhor do meu texto, posso muito bem escolher outro tema para discorrer, afinal, diferentemente da vida real, aqui, posso manipular o tempo, transitar entre passado e presente com um simples vaivém da caneta. Posso voltar e mudar o início, reescrever a história e criar novo final.

Mas e você, leitor de carne e osso, você pode fazer isso com sua vida? Empresto-lhe minha caneta, se quiser, mas ela não mudará nada, servirá apenas para rabiscar num papelzinho aquilo que desejas mudar. Sugiro que o faça logo, antes que o implacável futuro chegue e você se pegue sentado na cama, com uma caneta e um caderno à mão, escrevendo o que faria de diferente em sua vida, caso pudesse voltar ao passado.

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Ne me quitte pas



Não... não me deixe junto das tuas coisas mortas

Perto dos outros que você já conheceu

Não quero viver a morte do que pulsa

Não me abandone...


“Esquecer as horas que o amor morre a golpes de porquês”

Não me deixe junto do teu desgosto pela vida

Há outro mundo a nos esperar com portas abertas

Não me deixe...


Essa dor me pulsa mais que sorte

É claro a cor pálida que vê a morte

Quando nos suspiros calam o delírio

Não... eu te imploro: não me deixe...


Seria possível reaver o perdido

No bilhete outra vez o pedido

Ecoando na vida, ouvido a ouvido:

Não me deixe!


E a festa clara volta escurecer

Volta a escurecer a clara festa

Clareia a festa escura e volta!

Não me deixe!


E sem você a vida corre sem direção

Sem você a vida morre sem comunhão

Você, a vida norte sem contramão


Não me deixe...


Não me deixe...


Ne me quitte pas



quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Glorioso inglório


Com o fim do campeonato brasileiro, vimos mais uma vez a hegemonia dos times paulistas e como elemento surpresa, o Flamengo sagrou-se campeão; merecidamente, diga-se de passagem. Obteve resultados bons e constantes, jogou com regularidade e no fim das contas colocou a mão na taça.

Mas este texto não nasceu para homenagear o campeão rubro-negro, e sim para criticar de forma positiva, em meu entendimento, meu time de coração: Botafogo de Futebol e Regatas! O Glorioso alvinegro! Este ano, por um triz, escapou do rebaixamento para a série B, fato que foi comemorado por nós, botafoguenses, como se fosse o título do brasileirão. Após o fim do campeonato, entretanto, me lembrei das colocações do Botafogo no campeonato brasileiro e no estadual nesses últimos anos...

Era sempre a mesma coisa, começava a taça Guanabara, 1ª fase do carioca, e especialistas, espectadores e até mesmo jogadores admitiam abertamente que o glorioso apresentava o melhor futebol do Rio de Janeiro, o “jogo bonito”, o que nos fez chegar à final do estadual nesses últimos anos, porém, de forma quase inacreditável, sempre perdemos a taça após colocarmos uma das mãos nela. No campeonato brasileiro, nem se fala, ou corremos contra o tempo pra fugir do rebaixamento, ou apenas lutamos por vagas no campeonato sul-americano.

O que não consigo entender, também, é a forma como o time deixa escapar seus jogadores de destaque, sempre aqueles que fazem a diferença! Sem voltar muito no tempo, dá pra citar alguns jogadores que, após suas saídas, o time desandou: Reinaldo, Zé Roberto, Maicosuel e mais recentemente, Jobson. Por que não conseguimos manter nossos principais jogadores quando nossos rivais o fazem? Por que tantas vezes colocamos em campo um time repleto de amadores, quando o futebol deveria ser profissional? Por que, enfim, não ganhamos um título expressivo? Parafraseando o hino do clube, tantas vezes campeão: Tu és o Glorioso, não podes perder, perder pra ninguém! Torcedores apaixonados que somos, estaremos sempre com o Botafogo onde o Botafogo estiver, na 1ª ou 2ª divisões, e principalmente, levantaremos a taça de campeão junto com os jogadores. Que tua estrela solitária te conduza rumo ao acerto, de volta ao caminho de vitórias, Fogão!

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Intimidade é uma droga!

Ouviram falar de mim... da minha arrogância, do meu ar austero. Ouviram falar de mim e os que não me conhecem concordam em críticas afiadas. E eu ao menos tento ostentar com certa exatidão esse olhar de fora que me acaricia o ego.

Quantas vezes me definiram como cético, metido, ríspido, frio... Ah!, quantas vezes passei despercebido por esse monte de gente igualmente vil. Essa gente de fora, que me enche os pulmões, passa rápido a amigo e torna a duvidar.

Bastam uns excetos de intimidade que todos esses estereótipos, que a princípio me dedicam, caem logo por terra. É essa droga de intimidade! A convivência desenha aos outros alguns traços vexatórios de minha personalidade.

Mantenham a distancia e contemplem esse EU doente! Caso contrario olho pra baixo finjo que nem os vi. Que mal há em querer não ser conhecido? Mantenham o respeito por minha falta de gosto pelo sucesso também.

Prazer meu nome é ninguém, gostaria de sorver teu sorriso e dizer que não preciso. No meio do nada que se transforma em solidão embala o meu coração e não é só pra rimar. Prazer meu nome é mim mesmo e nem faço questão. Por favor liguem meu não antes que se entorpeçam por meu sorriso, e não menos preciso torno eu a dizer: a intimidade é uma droga. Dá-me um gole!

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Enfermo de Amor


Esperei um, dois, vinte anos, a vida toda pelo amor e ele não veio. Tudo bem, não tinha mesmo a quem amar. Mas sinto que deixei para trás muitos minutos desperdiçados com telefonemas, scrap’s, e-mails, DR’s, beijo na boca, sexo e tudo mais. Acho que eu seria um bom amante. Alguma coisa dentro de mim me diz isso. Bem, agora não tenho mais por que me lamentar. Estou decrépito e vazio.

A única recompensa que levo dessa vida frígida e egoísta é a vantagem de ter permanecido sóbrio a maior parte do tempo. Meus amigos – que Deus os tenha em bom lugar – sabem do que eu falo. Eles caminhavam sob o efeito do amor, como suicidas cegos a caminho de um abismo sem fim. Eu, de certa forma, fui abrindo caminho, pois minha falta de amor era o próprio penhasco.

Outra coisa que podia me orgulhar em ter era minha dignidade. Dizem que “o amor é cego, mas não perdeu a dignidade”. Discordo, com veemência. Discordo, porque é por causa do amor que se mata, se morre, se mente ou se fala verdade; com veemência, por minha condição humana. Humanos amam! Onde estava minha humanidade quando precisei dela?

Sinto pesar em uma coisa, somente: deixei de me dividir em alguém. Deixei de ser o motivo das lágrimas, dos sorrisos, dos gemidos, dos orgasmos fingidos – não somos perfeitos. Deixei de ser o auxílio, o chão, a luz, o ombro para se descansar, o alguém que paga a conta – o amor é meio interesseiro. Deixei de ser o centro, a vida, o ar, a pessoa que faz suspirar.

O amor tem essa virtude: ao mesmo tempo em que é altruísta, que nos leva a doar ao outro por um motivo irracionalmente discutível, cobra uma recompensa, exige um agrado após um “eu te amo” – nem que seja um tapinha nas costas. Antes de pegar o Expresso Paraíso e dirigir-me a presença do Todo-Poderoso, para prestar minhas contas, digo pelo que morri: enfermo de amor.
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