UM GOLE DE IDEIAS

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quinta-feira, 28 de maio de 2009

GUERRA FRIA, LOGO GRIPE SUÍNA: CONSPIRAÇÃO REVELADA

PYONGYANG – COREIA DO NORTE – ABRIL DE 2009

Excelentíssimo e querido líder Kim Jong-il,

Nosso plano continua ganhando força. A operação “Guerra aos Porcos” ostenta êxito. Causar um caos mundial a partir dos pilares em falso da Saúde Pública foi realmente brilhante. Ainda por cima, revidaremos a nossa precariedade neste setor, que a cada dia mata mais um pouco de nossos pequenos comunistas, nossas crianças.


A nossa mais poderosa arma, que fora apelidada de Gripe Suína (ou H1N1), continua derrubando exponencialmente milhares de corpos pelo mundo afora, sobretudo no nosso alvo: Os E.U.A. Tanta tecnologia, no entanto ainda nos mantemos invisíveis. Ianques idiotas!


Implantarmos nossa arma química no México foi realmente uma estratégia perfeita – apesar de nada termos contra los hermanos. Pobrezitos, são os que mais estão padecendo! Entretanto, a velocidade com que a peste espalhou-se para os campos americanos e para o restante do mundo impressiona. Além do mais, com os prepotentes americanos em segundo lugar nas estatísticas da Organização Mundial da Saúde (OMS) dos mais acometidos pela moléstia, o orgulho deles não se ferem tanto e, assim suas investigações são menos intensas - foram minimizadas. Eu creio que esta ação estratégica, combinada ao nosso outro seguimento - o de acometer tardiamente os “amigos” Soviéticos e a Coreia do Sul, isto posterior à infecção do Japão e alguns países em específico - corroborou ainda mais para nossa hostilidade ocultar-se. Assim, mesmo com as grandes potências sendo mais acometidas, nós não deflagramos desconfiança alguma. Caso contrário, a Organização das Nações Unidas (ONU) poderia nos derrubar novamente – como já aconteceu, ao fortalecerem a Coreia do Sul com as forças armadas do general McArthur.


Aplicarmos o antígeno-H1N1 nacionalmente foi inteligentíssimo, este que apenas nós o possuímos. Nossa população está imune ao vírus H1N1, depois da nossa Campanha de Vacinação contra a “falsa febre reumática”. Apesar de nunca termos como investir em vacinações, essa foi uma das únicas vezes e não existem suspeitas. E tudo continua fluindo bem...

A ONU caiu no nosso truque e, alarmou-se com nossa “hostilidade”, digo pseudo-hostilidade (será que nunca ouviram falar no ditado popular Ocidental: “cachorro que ladra não morde”!?) Com os nossos enganosos testes nucleares a entretemos, como queríamos. Não temos, sequer, dinheiro para comprar munições à pólvora, tampouco teríamos para produzirmos plutônio para alimentarmos uma bomba atômica. Pois continua sendo através desta, que ostensivamente colocamos nossa nação em alarde: Nosso “poder atômico”, é o nosso coringa, a nossa carta na manga desde a construção do nosso "complexo nuclear" em Yongbyon. Caso descubram que nunca possuímos força nucleares, estaríamos perdidos.

E mais: o nosso satélite, está em pleno funcionamento na órbita terrestre. Já temos acesso a todas as centrais de inteligência do mundo – daqui podemos acessar até o Pentágono, - o “Um Gole de Ideias” -, etc. Deste modo, podemos premeditar futuros ataques para uma interceptação eficaz. E ainda não acabou: mais uma vez deixamos os todos-poderosos das grandes nações tremendo de medo. Também, já estava na hora de darmos uma esquentadinha na Guerra Fria.

Enfim... creio que no fortaleceremos política e economicamente até o final de 2009. Primeiramente, conseguiremos os suprimentos que o calunioso George Bush nos deve. Conseguiremos, também, a ascensão que tanto merecemos ao longo da história, a qual a Coreia do Sul nos roubou - fortalecida pelos estadunidenses e japoneses; Eles não mais se vangloriarão do seu desenvolvimento equiparado aos países europeus - não enquanto amargamos na pobreza.

Todos os porcos se infectarão sorvendo a sua própria lavagem!

Nosso pai se orgulharia. Ave, Kim Il-Sung!

Orgulhosamente, do agente Anti-EUA

quarta-feira, 27 de maio de 2009

Madonna converte Jesus!

É assim que começo esse texto... bem no estilo “meia hora” com uma manchete chamativa, e não menos engraçada cá entre nós. Para quem duvidava do potencial dessa moça cinquentona , ta aí a prova: ela converteu Jesus. Deixa eu explicar: Jesus agora atende pelo sobrenome de Luz (bem sugestivo, não acham?), e é brasileiro! Sim... Jesus é brasileiro! Já vi que vou ter que fazer uma breve retrospectiva.

Madonna veio ao Brasil fazer shows, lembram? Então... entre uma sessão de fotos e outra encontrou Jesus! E justo aqui no Brasil! Ainda aqui, em terra tupiniquim, já se ouviam especulações que os dois andavam juntos e tal... porém todos pensavam: é só mais um homem que ela come!

Ai veio o “fashion week” e esse jovem rapaz, Jesus, roubou a cena e foi mais fotografado que Gisele Bündchen, dizem as más línguas. Claro que tinha quem dissesse que ele era oportunista e estava querendo se promover, mas eu sempre acreditei em Jesus.

Meses mais tarde o tal Jesus, agora já seduzido pelo grande mundo, é fotografado em Nova Yorque novamente com Madonna. Claro... surgiram comentários em quase todos os veículos comunicativos que se prestam a esse serviço. Virou piada pronta para os mais atentos e ganhou o gosto popular. Jesus passava da condição de oportunista para de novo amor da musa mais pegadora de todos os tempos.

E a evolução era mais que óbvia, Jesus não era mais uma “sub-celebridade”, agora já tinha vida própria. A carreira do modesto modelo alcançava o status de autoridade. Ouvi dizer que Lula chegou até a querer entregar um faixa em homenagem... boatos! Gerador de boatos... No último domingo virou até reportagem no fantástico. Alguém aí duvida que Jesus pode mais?

Enfim... Jesus foi convertido à Cabala! Há tempos já se ouvia falar da afinidade dele com outras religiões... mas agora é oficial. Antes cristão como todos já sabem, agora seguidor da Cabala. Certamente surgirão seguidores... e talvez por sua influencia de berço o Brasil aumente o número de recém-convertidos. A musa carregou Jesus de nós mas deixou a mercê do orgulho nacional a possibilidade de ser berço de uma nova geração otimista.

terça-feira, 26 de maio de 2009

Perguntas feridas

Houve um tempo em minha vida em que queria respostas de tudo, como se fosse à solução de todos os problemas. Dos meus e do mundo. Já não suportava mais os mistérios que se ocultavam a cada esquina.
Tantas perguntas que foram perdidas ecoando no silêncio, insistindo pelas respostas que nunca viriam.
Às vezes já não era mais por mim, mas sim por ser rejeitado e deixado no silêncio. A revolta e a angústia que crescia por não obter sucesso.
Por sorte ou insistência talvez, houve respostas que não me foram negadas, mas percebi que mesmo as tendo, não era suficiente.
Estranho era que quanto mais respostas eu conseguia obter, mas faminta era minha mente. E isso deixava um buraco, um vazio. Eu era consumido por mim mesmo.


Por fim a insanidade me tomava em seus braços; e eram gentis por mais antagônico que pudesse parecer.

Haveria algo que pudesse me libertar da dependência dos porquês que tomavam posse da minha vida por mim?


Um feixe de luz veio sugado direto para o buraco negro da minha mente, me torturando ainda mais com a verdade de que sempre haveria perguntas para tudo, mas nem sempre respostas para corresponderem em equivalência. Um ciclo interminável que destruía minha vida a medida do tempo.


A dor ficou ainda mais insuportável. Houve aquele momento de negação. A única solução. O fim.

A lâmina do punhal era capaz de ouvir o som fraco do meu coração que devagar começava a provar o sangue salubre das minhas veias.

De repentino momento eu neguei continuar esse ato, ou adiá-lo por breve. Não por covardia ou por coragem, e sim por uma voz maior que meus desejos, veio me dizer algo, ela tinha um hálito suave e doce.
– Não deste lado ou do outro que encontrará qualquer resposta as tuas aflições, porque as respostas das suas perguntas não foram ainda criadas, não neste tempo, e nem será no próximo. Realmente você precisa que todas as suas perguntas tenham respostas, mesmo que não haja um sentido para elas? Olhe pra dentro de si próprio, lá estará o que você tanto buscou, mas de uma maneira diferente, de uma maneira melhor, de uma maneira que possa te satisfazer. A busca além disso, é desdobramento do futuro. Você não precisa de respostas, você precisa de escolhas.



sábado, 23 de maio de 2009

O DIA EM QUE OS LIVROS VIRARAM VERDADE



Era manhã. Na Televisão era transmitido “O Jornal do Brasil”. Uma rajada de fumaça encobria o céu de Manhatan, New York. O caos fazia-se presente. O trânsito rodoviário, outrora congestionado por carros, naquele instante estava tomado por transeuntes horrorizados (americanos descrentes) que vociferavam socorro aos céus e corriam ensandecidamente, sem norte algum. A insegurança permeava em suas mentes: só pensavam em se proteger contra as forças hostis – desconhecidas, até então. Enfim, era “O 11 de Setembro”.


Apesar deste atentado terrorista ser o eliciador desse Gole, este não se constitui – ou quase não se constitui - de reflexões ideológicas ou econômicas desta tão catastrófica e desumana Guerra Civil, entre o Oriente Médio e a grande potência mundial, O Estados Unidos da América. Na verdade, esse Gole retrata o acontecimento que foi um divisor de águas para a minha vida: fez-me atribuir importância e atenção à História e introduziu-me à sua realidade.


Envolto de livros pelo sistema de ensino do nosso Brasil, sempre percorri todo o mundo em várias épocas. Passei por impressionantes acontecimentos à prova do tempo e do espaço – ainda que intransponíveis. Da pré-história à contemporaneidade, eu os vivenciei. Nessas desbravadoras jornadas fiquei íntimo de personalidades várias, dentre eles alguns mártires como Jesus Cristo, Hittler, Napoleão Bonaparte, Fidel Castro e Getúlio Vargas.


Por mais que eu ultrapassasse as barreiras do incontável e compartilhasse as dores e as glórias dos mais diversificados acontecimentos, eu ainda não havia assumido todas aquelas histórias como resultante e parte integrante da minha vida: sempre soaram para mim como uma ficção. (Sempre me questionei: a história se alimenta da verossimilhança, nunca da verdade: apenas a história do mais forte sobrevive, por vezes distorcidas.)


Culpo o nosso modelo de ensino-aprendizagem por isso. Nunca justificaram os saberes que introjetavam em minha cabeça. Num estupro de aulas expositivas, eles apenas expunham fatos, sem relacioná-los à minha realidade, ao meu contexto de vida.


Entretanto, talvez esse mau aproveitamento histórico fosse culpa minha. Nunca soube organizar e separar bem as informações recebidas, mesmo. Também pudera!: Num determinado momento, eu estava em plena Segunda Guerra Mundial, na aula de História, sendo que há cinquenta minutos atrás, eu contemplava as poesias do Parnasianismo, bem como o restante da pieguice da aula de Literatura. Assim, real e imaginário se fundiam em minha mente. Ficava perplexo com tantas ideias em tantas épocas, que eram acomodadas em minha mente para responder futuras provas - que nada avaliavam, senão a minha memória. Era tanta informação para um pré-adolescente – palavra que sempre exaltava na saída da minha infância – que tudo mutou-se em fantasia.


Entretanto, quando me deparei com o “11 de Setembro”, senti-me adentrado naquele espaço histórico antes estudado, finalmente. Agora, estava próximo a mim, um fato que ilustraria os livros didáticos dos meus futuros filhos e netos, e fiquei realizado – apesar de tantas lágrimas derramadas.


Aqui no Brasil, como sempre, todos eram indiferentes ao fato e, tudo era paradoxalmente estranho. Enquanto seus cidadãos choravam pela perda de vidas humanas pela barbárie ocorrida, ao mesmo tempo eles faziam apologias ao terrorista Ozama Bin Laden (idealizador daquele dia cinza): nos camelôs, ao lado das camisas com o Che Guevara, estavam a sua face azulada escondia atrás de uma farta barba e um turbante, músicas eram desafinadamente entoadas ao som dos batuques do funk bradando sua facção e, personagens à sua semelhança apareciam nos programas de humor. (Por isso que a ONU deveria eleger o Brasil como intermediário oficial de qualquer acordo de paz no mundo). Pobre nação! (mas, eu falei que não iria refletir, e não vou: retornando...)


... Enfim, fico sempre em êxtase quando me recordo do dia em que a história tornou-se real para mim. Feliz 11 de Setembro! Todos os livros antes lidos, considerados fantasiosos romances e contos, passaram a ser não-ficção, História. Os livros, enfim, tornaram-se “verdade” para mim. Percebia uma diversidade de fatos transcorrerem pela a linha do tempo e se interrelacionarem à minha vida, ao meu país e ao mundo. Agora, eu era um leitor bem mais “sujeito”, como diria Paulo Freire e, qualquer informação fazia parte do meu contexto – minha vida é história. A partir daí eu pude inferir, questionar, refletir e criticar tudo o que vinha para mim como verdade absoluta e, estava motivado para aprender - para vencer os percalços da vida e não os questionários das aulas.

quarta-feira, 20 de maio de 2009

diálogo inverossímil


_ Você trouxe tudo que te pedi?

_ Se “tudo” se referir a aquela lista quilométrica, acho que sim...

_ Como “acha que sim”?

_ É que trouxe só o essencial

_ Aquilo tudo era essencial! Ai meu Deus! Tamo fudido!

_ Desde quando o item três é essencial?

_ Claro que é...

_ Você é louco, cara!

_ Aqui... você não precisa ir se não quiser, ta?

_ Eu não disse isso...

_ Mas se quiser ir, dê um jeito de pegar o item três e todos os outros que deixou pra trás.

_ Bem que me disseram que você era muito irritado.

_ Você nunca me viu irritado!

_ Então me espere aqui um minuto... Tome essa caixa e vá conferindo se está tudo aqui!

_ Pode deixar... um minuto, hein?!



_ Pronto... ta aqui ó: item três, sete e vinte. Os que eu tinha deixado pra trás.

_ Ah... que bom! Então a gente pode começar agora?

_ Aqui?

_ É...

_ Você ta louco? Eu não sabia que era aqui...

_ Não era pra ser aqui... mas já ta tarde!

_ Olha só... eu subi sete andares de escada pra trazer essa porra que você julga ser necessário...

_ Calma, cara!

_ Deixa eu falar...

_ Ok

_ Tem cinco dias que estou tendo conflitos pra resolver se iria ou não... e agora você vem com essas surpresas de última hora?

_ Ta bom... então ta! Onde a gente vai então nessa hora?

_ A gente não vai hoje!

_ Como assim?

_ A gente não vai hoje e ponto!

_ Se não for hoje eu desisto de tudo.

_ Você não seria capaz... tem muita coisa em jogo.

_ Pode apostar que eu seria capaz sim...

_ Ah é?!

_ É!

_ Então fica assim... até a próxima!

_ Até...

domingo, 17 de maio de 2009

PEGANDO NO PÉ DO COELHO

Há alguns dias sou comentarista assíduo da coluna POP & ARTE do portal G1, da qual o “Mago”... Paulo Coelho é seu escritor. Admito, não sou fã da sua literatura, bíblica fundida com um harrypotterianismo - ao menos sua magia ainda não me atingiu. Ainda assim, ele me inspirou este Gole.

Anos atrás, um amigo tentou me iniciar na sua Seita da Autoajuda, inclusive foi um Amigo de Gole. Adentrei em toda a fantasia que reinava no livro "O Diário de Um Mago". Firmei os meus pés diante da leitura, ainda que desmotivado. Eu lia, e a cada página, mais mágica adentrava em mim: o pó mágico adejante planava sobre minha escrivaninha até tomar toda a minha casa e, a cada salto de página mais poeira mágica me entorpecia, atingindo-me com o seu efeito sonífero. Um ótimo livro de cabeceira - para quem sofre de insônia. Indico-lhe sempre para esse fim terapêutico (talvez, a única cura de toda a panaceia cobiçada pelos alquimistas).

A leitura era corrente. Até mesmo percorri o Caminho de Santiago de Compostela, mas quando me deparei com a danada da sementinha... foi o fim da história. The End. Sim, o primeiro exercício, o da semente, exigiu de mim uma imensa abstração e claro, inocência e atributos ilusionísticos - dos quais não usufruí naquele momento.

Além dos efeitos medicinais para quem sofre de algum distúrbio do sono, descobri que esse livro também era político, pois ele é constituído de falsas promessas. O Diário nos promete transcorrermos o caminho da sabedoria. Pobre pretensão! Todas as enciclopédias, bem como os dicionários, devem ter ficado incomodados com tal prepotência "literária"; Pai Aurélio que o diga – coitadinho!

Até aqui, duvidava das suas práticas e dos seus ensinamentos exotéricos, mesmo sabendo que Paulo Coelho era seguidor do lendário Aleister Crowley (o famoso Mr. Crowley que entoa Ozzy Osbourne). Entretanto, o seu livro conseguinte transformou minha mente em morada de dúvidas. Veio à tona o livro “O Alquimista”, considerado o livro brasileiro mais vendido dos últimos tempos – ressalvo: segundo a Wikipédia, uma biblioteca virtual com informações de procedências duvidosas. Acredito que um cantor foi responsável pela ascensão do escritor. Bendita hora em que Paulo Coelho conheceu Raul Seixas! Todos sabem que a mídia domina tudo. Mas o que me impressionou não foi apenas este fenômeno de vendas, mas sim a tão almejada imortalidade que Paulo Coelho conquistou.

Depois de Drummond e Mário Quintana, figuras indiscutivelmente populares, imortalizados em nosso cotidiano desde frases MSNísticas à críticas literárias em doutoramentos, não terem conseguido aposentarem-se nas cadeiras felpudas da Academia Brasileira de Letras, Paulo Coelho o fez. Uma surpresa! Só mágica justifica a quebra do orgulho dos Imortais contra os ídolos POP da literatura e, a cadeira número 21 do patrono Joaquim Serra foi ocupada. Assim, Paulo Coelho conseguiu em toda história, transformar um mito em realidade: foi o primeiro alquimista a de fato, tornar-se Imortal. Impressionante!

Desde então, eu havia parado de pegar no pé do Coelho. Quem sou eu para criticar um Imortal?! Seria eu, apenas um prepotente Amigo de Gole (?). Mas com o tempo, eu sentia que minha sorte estava se esgotando. Fiquei até um tempo sem escrever, e pior: o amor ameaçava a me invadir – fiquei nostálgico por causa do sentimento. Então, resolvi escrever este gole-confesso e um tanto crítico - O Diário do Gole.

Sabe... desde que resolvi pegar no pé do Coelho novamente, sinto-me muito melhor. Agora percebo minha sorte emergir abundantemente. Não sou supersticioso, mas as coincidências estão aí. E agora é Gole que não acaba mais.

quinta-feira, 14 de maio de 2009

O mal que há em mim


Pegando carona no texto “Dois Titãs...” do grande amigo Alexandre, senti a necessidade de falar sobre dualidade. Sobre a batalha entre o bem e o mal, batalha esta, travada dentro de mim. É uma luta árdua, em que diariamente vejo-me obrigado a sufocar o mal que insiste em querer sair e mostrar sua face através da minha. Penso realmente, que todo ser humano tem dentro de si, uma percentagem de bem e de mal. Uma dessas partes fica calada dentro de nós, provavelmente sufocada pela educação que recebemos de nossos pais, de nossa escola, dos ensinamentos que nos são incutidos através da religião a qual fazemos parte. Porém, o “mundo”, os amigos, ou através de qualquer outro meio, a parte antes adormecida, ganha fôlego e começa a mostrar do que é capaz...

Tantas vezes assustei-me ao ver um cachorro sendo morto, mas um minuto depois retomar o que estava fazendo como se nada tivesse acontecido. Fora o prazer doentio que às vezes sinto ao saber que um desafeto meu foi acometido por alguma desgraça... Pego-me a desejar o mal alheio, não necessariamente de um inimigo. Tenho medo dessa parte... Peco terrivelmente em meus pensamentos, felizmente não os ponho em prática! Minha consciência encarrega-se de chamar-me à realidade, lembra-me de que devo, rapidamente, domar aqueles pensamentos ruins. Sinto dor após esses pensamentos... Somatizo tudo em dores no estômago e fico agarrado a meu travesseiro, deitado em posição fetal, esperando minha parte boa avisar-me de que já não há mais perigo, meu “diabinho” interior, voltou ao meu inferno interior... Levanto-me, então, e continuo a vida.

Como pode haver tantas guerras pelo mundo, se a guerra individual, que cada um de nós tem de lutar diariamente, é a mais dura e importante de todas? Não há como domar o mal alheio através da força, se nós mesmos não conseguimos aprisionar o nosso. Se isso não acontece, então não tentamos domar o mal que há nos outros, e sim, estamos dominados pelo nosso próprio mal e que está ali para fazer com os outros o que está em sua essência... Por isso tantas guerras acontecem, tanta gente morre, tantos não compreendem a si mesmos... Quando finalmente sufocarmos a parte que nos é desagradável, o mundo, então, agradável será! Olhem no espelho, caros leitores, o que vocês veem? Um anjo? Um demônio? Eu vejo meu próprio reflexo, mas cabe a mim decidir a imagem que quero ver!

quarta-feira, 13 de maio de 2009

O Homem Morto


Era a primeira vez que eu tinha visto um corpo sem alma tão de perto. Já me deparara com rostos inexpressivos, sorrisos oblíquos e olhos profundos. Mas um morto, de fato, era a primeira vez. Havia um buraco de bala acima do nariz. A máscara de sangue escondia quem ele era. Suas roupas estavam esgarçadas e nem as moscas o respeitava mais, violando a integridade de um defunto caído.

Em primeiro momento, eu me assustei com a imagem, ou melhor, com o resultado de um fato ocorrido. Ainda estava escurecendo, o céu estava manchado com as cores de inverno de nuvens alaranjadas. O bairro era tranqüilo, sem incidência de fatos como esse. Logo, uma cena como essa choca, no instante de sua contemplação. Um homem morto. Um cadáver estirado no canto da calçada.

Olhando para ele, eu me vi parecido com um morto. Ele usava sapatos em pés que não andarão outra vez e, eu, me cansei de correr. Ele tinha os braços parados e a pele fria. Quantas vezes eu permaneci estático por causa da minha insensibilidade? Nenhum ruído ele provocava. Lembro-me de me calar, quando o silêncio não era uma boa resposta. Não sabia organizar argumentos que me diferenciasse do defunto.

Não sei dizer ao certo quem era o morto sobre aquela calçada, naquele fim de tarde de inverno, naquele bairro tranqüilo. Era difícil não me igualar ao homem caído, já que as suas atitudes – assumidas no momento em que brindou à morte – eram reflexos da minha postura recentemente tomada. Outros espectadores chegaram e ligaram logo para o Corpo de Bombeiros.

Assim que ouvi as desesperadas sirenes, partir do local às pressas, temendo que eles também me confundissem com um outro morto. Na verdade, até mesmo minha falta de coragem era indício de que o morto também era eu. Virei à esquina e pude diminuir os passos e pensar mais sobre isso. Voltei a minha casa e percebi que levo uma vida semelhantemente como um zumbi. Há somente uma diferença: escrevo sobre eles.

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Tá bom... vamos falar de amor!

Desculpe-me se pequei na originalidade na escolha deste tema, mas a verdade é que diante de tudo que rendeu os textos dos amigos-de-gole resolvi por falar dele também: o amor. Vale ressaltar que me isento aqui da posição flutuante de poeta e me dedico intensamente a prosear por esse caminho obscuro em que o amor sugere.


Para começar e entender algo sobre este assunto tão complexo resolvi recorrer ao dicionário... Pai Aurélio não me trouxe muitas certezas. Claro que ficou algumas noções interessantes e preconceituosas também. Drummond tinha mesmo razão “o amor foge a dicionários e a regulamentos vários”.


Sentir é algo mais complexo... que beira o irracional, às vezes ultrapassa. O amor é doce, amargo, corrosivo e transparente. Ora... já disse que não posso ser poeta! Caio em outra discussão: razão e emoção. É comum usar palavras que sugerem uma alteração da razão quando se fala de amor... reparem: louco de amor, entorpecido, embriagado, doido... quase que rimam com apaixonado.


Às vezes sinto como se o amor fosse algo que só desse certo na ficção. Os romances/filmes/novelas transformam qualquer tentativa real em frustração. Não temos aquelas trilhas sonoras portáteis, nem um roteirista corrigindo os furos da trama. A vida não permite ensaios. Talvez por isso amar seja um exercício muito mais sacrificante que prazeroso.


E se o amor for mesmo prosa, como bem disse Jabor, estou no caminho certo. A verdade é que o amor enche linhas, parágrafos, vidas. E a gente tenta na ignorância discreta transformá-lo em coisa. Tirá-lo do altar em que ele se encontra e conjugá-lo em nossos erros comuns. A culpa é da razão.


E depois de tudo isso... numa passada apressada na rua, encontram-se olhares cúmplices e transformam a razão em pó. Mais umas trezentas teorias, e conclui-se que o melhor que se tem a fazer é empregar o verbo sem precisar necessariamente de algum sentido.



domingo, 10 de maio de 2009

NOSTALGIA, EU QUERO AMAR!



Decorrentes das suas ações surgiram revoltas internas:

meu peito se doa para os sentimentos,

mas minha mente cerca-me pela Razão – como pura cautela.

Mesmo contrários, amor e ódio se fundem em dor.



Pensava ter domínio do meu corpo,

mas sou apenas o seu hóspede.

Quero esquecê-la para não padecer,

mas sua imagem me persegue...



A morada dos meus desejos são nossos pensamentos afins.

Sedução foi o calor do seu corpo – o qual tenho saudade.

Angústia foi tê-la ao lado sem a consumir.



Preciso sentir o seu gosto -

sua boca tem poder inebriante.

Seu sabor doce é deleite,

seu amargor dilacera, porém é lascivo.



Caçoarei dessa loucura, agora, em carência:

das paixões, sobressai o ódio?

Não, o amor – distanciei-me da Razão!

Ela é frenesi - justifico-me.



Sofro por ansiá-la nos meus braços.

Só ela poderá trazer a tona o que procuro: meu coração.

Faz-me falta ser amado, conceda-me esta dádiva.

***


Excertos da vida e um esboço musical MOR (banda de Heavy Metal) que virou Gole.


sexta-feira, 8 de maio de 2009

Dois Titãs...


O mal que não quero, este faço! Há um prazer dilacerante sobre o que é torpe, há uma magia enegrecida sobre o delito. Caminho em passos trôpegos em direção ao centro da tempestade e não uso capa de chuva – um detalhe, somente. Cansei de me molhar com resquícios da minha própria cerviz. Estou sendo cultivado nesse lamaçal. Alguém poderia me dar mais uma chance?


Posso dizer que há uma razão para que eu decline vertiginosamente para o lado obscuro da natureza angustiante do ser humano: há dois titãs dentro de mim, brandindo seus machados e urrando para afastar as intenções tendenciosas um do outro. Chamo meus dois reflexos interiores como Santo, parte da natureza sublime, às vezes, suplantada pelo seu rival – por assim dizer – Humano, cujo poder se abrange aos sentidos, de forma a torná-lo mais verdadeiro.


Não que o Santo seja somente uma invenção de padrões dogmáticos e ortodoxos, sem que houvesse sensações que o traga para a Verdade. Mas o fato é que o Humano é bem menos vulnerável. Enquanto o Santo procura os porquês que fazem as escolhas parecerem reprováveis e inaceitáveis, o Humano se delicia com o banquete asqueroso e purulento sem ao menos perguntar se é vital.


Algo mais assustador que as impressões que tiro do resultado do vencedor é a pergunta que retumba em minha mente vacilante: aonde irei, seguindo os reflexos interiores? Estão em lados opostos, fazem das propostas que se estendem diante de mim o Dispensável e o Natural, cegam meus olhos e me empurram para um lugar diferente a cada sujeição escolhida. “Aonde irei?” - pergunta minha alma abatida.

terça-feira, 5 de maio de 2009

Tradicionalmente frustrados: um apelo a favor do rock

Estive notando as mutações culturais que acontecem a minha volta... As baladas dances dão lugar para um ritmo mais frenético como o trance, que agora já se chama música eletrônica... não por ser algo diferente do tal trance, mas porque agora já foge ao nosso universo de possibilidades. A música se funde e volta ao retro no mesmo barco das novidades antigas. E o rock... velho e durão chora quando Emo, mas revive na discografia reafirmada diariamente no movimento natural de busca ao belo.

Existem movimentos que cristalizam épocas. Por exemplo, os clubes de motoqueiros. Fui a um encontro de motos este último fim de semana... e tenho ido sempre, não perco um ano sequer... e notei que as bandas até se revezam... mas o repertório é meio que estático. Sempre rola um Guns... um Barão... “Born to be wild”... aí tem aquela própria no meio! Ora... antes fosse um show inteiro dessa própria que eles reservaram para o meio do show. Mas tudo bem...

Além do mais o Cazuza já tinha cantado a pedra muito antes “eu vejo um museu de grandes novidades”. Às vezes me pego a compará-lo com um profeta. Vejam o último fenômeno pop “Amy Winehouse”, talvez o macete seja mesmo um olhar novo sobre o antigo, sobre o que já conhecemos. Não sou contra o velho renovado, sou contra o saudosismo estático que impede novos acontecimentos. Certamente teríamos encontrado bandas interessantes na região que se dispõe a tocar outro estilo. Mas a mente restrita ainda impede alguns acontecimentos. Os motoqueiros com alma de bailarina dão “piti” se substituírem o rock nosso de cada dia por meia dúzia de “novidades”.

Hoje temos a música móvel. Está com a gente em qualquer momento. Levamos às festas se vocês querem saber. O mínimo que faço em resposta a ira interna é transformar o meu palco no que quiser. Eu vejo um cara gordo cantando pela segunda vez “Born to be wild” e ao invés de xingar, ligo o meu mp3 e ouço Los Hermanos. É o nosso tradicional jeitinho novamente contribuindo para uma vida saudável.

Quer saber... eu colaboro com isso. Vou continuar indo a esses encontros. O convite é legal, e por pior que seja ele pode virar um cenário excelente para os acontecimentos. E a cada gole... um de meus argumentos cai... e mais alguns e eu até afirmo que é o melhor show da minha vida. Os amigos menos trôpegos respondem: menos Fabrício! E algum tempo depois todos concordam e pulam frente ao palco. Aí chega a ressaca... e tudo vira texto.

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Botafogo x Flamengo: tristeza alvinegra, sempre!


Não tenho vontade de escrever. Tinha um texto pronto para colocar no blog caso o Botafogo fosse campeão. Isso era certo em minha cabeça... Como o campeão foi o Flamengo - três vezes seguidas em cima do meu Botafogo, diga-se de passagem – estou aqui, escrevendo um novo texto ao invés do já pronto discurso da vitória. Sou apenas um Tri-vice-campeão envergonhado tentando preencher estas linhas em branco, mas ainda sem entender direito o que houve naquele clássico de domingo... Tínhamos o melhor time do campeonato, mas como sempre, nas decisões, amarelamos! Deveríamos ter liquidado o Flamengo na final da Taça Rio, mas perdemos nos pênaltis e demos a oportunidade a eles de nos enfrentar na final do Carioca! Ah, se tivéssemos ganhado aquele jogo...


Neste domingo, como nos 2 anos anteriores, assisti o jogo na casa de um amigo flamenguista, Carlim, acompanhado de nosso amigo Jofran, botafoguense como eu, que também estava lá conosco nos 2 últimos anos. Começou o jogo e ficamos petrificados diante da televisão, acompanhando a quase invisível bola (minha visão já não é tão perfeita) passando de pé em pé, de um lado para o outro até que... Gol! Do Flamengo! Tive de aguentar o Carlim gritar nos meus ouvidos por alguns segundos, sentei-me no sofá e pensei: tudo bem, o jogo está no início, um gol não é tanta coisa assim. Daí veio o segundo gol rubro-negro e o mundo desabou em minha cabeça! Inacreditável! Perder o título para o Flamengo por 3 anos consecutivos era demais pra mim! Nunca vi o Carlim gritar tanto quanto neste momento.


Acaba o primeiro tempo. Ficamos os 3 de papo, falando sobre coisas que não tinham a ver com o jogo, mascarando a tensão que havia no ar. Começa o segundo tempo, o Jofran prefere ficar no computador jogando um dos jogos idiotas que ele gosta, vinha correndo pra sala toda vez que ouvia algum grito fora do normal, olhava a TV e voltava para o quarto. Pênalti para o Botafogo! Victor Simões na cobrança... e Bruno pega! Maldito goleiro do Flamengo! A hora passando e a esperança diminuindo cada vez mais até que... golaço do Botafogo! O capitão Juninho mete um lindo gol de falta! 2 x 1 no placar. Nem tudo estava perdido. Três minutos depois, Túlio leva o Maracanã à loucura e empata o jogo para o Fogão! Pulei do sofá, fui em direção à janela e gritei para o mundo: “Cadê o Flamengo agora, cadê?” Foi minha redenção...


Fim de jogo! Empate em 2 x 2 leva aos pênaltis. Os jogadores se reúnem no meio do campo, correntes de orações são formadas e os treinadores decidem quais jogadores baterão os pênaltis. O Flamengo inicia as cobranças com Kleberson, gol! Do lado alvinegro Léo Silva cobra, gol! Juan converte mais um para os rubro-negros! Juninho desta vez perde a chance e não converte! Aírton faz mais um para o Flamengo! O garoto Gabriel não decepciona e faz para o Botafogo! Léo Moura, o arrogante, cobra e faz para o Flamengo! O Botafogo estava nos pés de Leandro Guerreiro... o guerreiro alvinegro! Ele pega a bola, coloca na marca, toma distância e chuta... Bruno defende! O Flamengo sagrou-se Tricampeão Carioca com direito à hegemonia de títulos. O Botafogo, bem, o Botafogo mais uma vez era vice... A nação alvinegra chora, mais uma vez ficamos no “quase”.

A FESTA (SURPRESA)!


Festa. A arruaça no recinto é geral. Os sons emitidos nada formam, apenas unem-se em grande desarmonia. Ainda assim, corpos se misturam num ensaio sexual.

Há uma mulher ali, no cantinho, conversando com um homem - ou quase isto. Ele a seca com olhos ávidos e começa aproximar sua boca vorazmente ao pescoço alheio. Imediatamente ela se afasta e expressa repugna por mímica facial, desanimaria qualquer um - menos ele. Insistentemente, o melindroso recomeça o seu discurso - cheio de recursos gestuais e em intensidade fortíssima para ganhar a competição contra os ruídos de fundo. Ela parece fitar o nada e seu rosto ainda é morada de desprezo. Observando à sua volta, ela percebe a perda de momentos ímpares da festa: todos empavonados usam como chamariz a famosa dança do acasalamento, outros limitados por jeans surrados atuam o sexo sem penetração, alguns se encontram “desaparecidos” (num libidinoso não-amor, o sexo, ocupam as moitas do jardim).


Na pista, é gole que não acaba mais. E como é impressionante o seu efeito dionisíaco: a cada gole mais beleza emerge no ambiente, a cada gole mais palavras loquazes saem para persuadir a boca do outrem para um encontro de línguas pugilistas.


O pseudo-homem não teve sucesso em sua conquista e a mulher se afasta. Ela faz-se misturar na dança das amigas. O indivíduo agora nada tem, a não ser a bebida – e ele sorve o ópio com vigor.


Alguns minutos depois... Mais uma dose e ele irá de encontro ao chão. Não se importando, virou mais uma. Sobre o lema beber, cair e levantar, ele vira outra e outra... Pronto: é o primeiro corpo estendido no chão. Os amigos do bebum, também ébrios, estão prestes a saber que não mais desfrutarão da festa como imaginavam. Eles apercebem o seu companheiro ao chão semidesfalecido com o que fora seu jantar misturado ao álcool na nova camisa que foi comprada exclusivamente para hoje. Exalava um cheiro fétido agridoce.


A mulher em meio sua movimentação rítmica e acelerada observa o másculo jogado ao chão sendo recolhido pelos amigos como fezes de animal. Sorri e se enaltece por não ter se entregado ao caçador. "Fiz a escolha certa" - pensou ela.


Depois de algumas horas, o homem quase regenerado, encontra-se sozinho com sua cabeça arqueada entre as pernas num canto qualquer. Ao perceber a presença de alguém, ele ergue sua cabeça e avista um rapazinho - quem sempre desdenhara como veadinho. Ele o fita, o chama-lhe a sua pessoa e... novamente suas armas verbais serão utilizadas num desenrolo sem fim. O machão começa a desculpar-se com o Bambi e pronunciar palavras antes nunca ditas, tampouco para a linda mulher que o rejeitou - jurou até paixão. Às escondidas, os XYs atracaram-se aos beijos e envolveram-se sádica e animalescamente – pareciam estar em Brokeback Mountain.


Em direções opostas, ambos com um semi-sorriso estampado no rosto, saem realizados e retornam para a pista de dança. O Bambi - que fora o Ativo na relação - se uniu às amigas e o Ogro, felicíssimo recostou-se na parede para ensaiar uma amnésia alcoólica – amanhã ele “nada lembrará”.
***
Leitor, caso conheça algum machão que ostente sua virilidade através de palavras execráveis ou rememore conquistas sexuais libidinosas, desconfie, ele pode estar te dando mole. E para vocês mulheres, não, definitivamente ele não será o seu príncipe encantado.

sexta-feira, 1 de maio de 2009

EU PENSEI EM NOS AJUDAR...


Todos acham que nossa estória está às mil maravilhas, eu nego. Dizem que teremos um final feliz, mas honestamente... eu desconfio. Nossa fábula é um mundo mágico sem tijolos amarelos, à propósito gostaria de saber quem inventou esta história. Aqui só há asfalto negro e, amareladas são apenas as listras que o cortam. Todos aqui têm tantos problemas, especialmente eu, Leão do Gole. E claro, tem gente que se impõe problemas – falta do que fazer, mesmo.


Nossa! Aquele manequim de ferro-velho só sabe reclamar. “Vive” com a cisma de possuir um coração achando que esta peça lhe trará vantagens. Pobre amigo Gole-de-lata. Ah, não! Não compreendo porque as pessoas ficam comovidas com o ele. O dissimulado forja sua angústia, por um querer desnecessário. Para que um coração?


Porque o chamo de dissimulado? Claro, ele é desprovido de sentimentos e ainda assim, ostenta uma dor emocional devido à ausência do órgão que poderia proporcionar-lhe o sentir. Histeria seria sua moléstia ou seria ele apenas um maria-vai-com-as-outras, mesmo? Só porque vivemos numa fábula repleta de morais acerca dos sentimentos, obriga-se a obter este poder humano. Para quê tanta cobiça, invejoso!? Ora! Se este pecado capital é advindo do coração, como pode tê-lo em sua ausência? - não há nada mais paradoxal. Já sei: estamos na era digital, é provável que viera com programação de fábrica, o “Software do Querer ®”. Como não pude pensar nisto antes?


Tanto querer por um órgão atrioventricular, vazio... No entanto, o possuo e não o uso eficazmente. Sei lá, deve estar estragado. Sofro todas as paixões possíveis, do amor ao ódio. Ainda que haja plácidos sentimentos, marcho num caminho sem brio algum: pois se tenho amor, falta coragem para expressá-lo - deste modo nunca o compartilharei. O que é o Leão sem sua coragem? Diga-me!


Eu quero, mas ainda não obtive forças para aconselhar Gole-de-lata. Se eu pudesse colocar alguma coisa naquela cabeça oca... Entretanto seria dispêndio do meu precioso tempo - uma tentativa frustrada. Bem, existe um meio alternativo que nos ajudaria.


Um único desejo nos supriria: já que sou desprovido de coragem, com um coração oco que não desempenha suas virtudes, eu o retiraria para ofertar-lhe ao meu amigo. Afora, viver sem ele seria algo fantástico. Viver sem esta caixa pulsante no peito que me sufoca, poder arredar-me das dores, libertar-me das emoções e viver em plena razão: ah, como eu queria! Ser mecânico seria o melhor remédio para minha depressão. Nunca me encorajei a ir ao psiquiatra - claro, pensariam que estou ficando louco. Mas segundo os meus livros de autoajuda, minha depressão é proveniente de uma baixa autoestima.


Agora só me resta encontrar o Mágico-do-gole e evidenciar esta tão lucrativa proposta - realizar dois desejos de uma só vez. Contudo, sabe aquele remorso que brota no peito por querer fazer barganha? Sinto isto agora. Meu amigo de lata vai ser lacerado pelas emoções animais, coitado. Mas se eu parar para refletir, após a retirada do meu coração e seu posterior transplante no Gole-de-lata, nunca mais terei remorso algum. Então, o farei ainda hoje!

***

Após o monólogo diante do espelho de sua penteadeira, Leão deitou-se à cama. Suas propostas nunca passaram de um ensaio. Ele nunca referiu uma palavra para o seu amigo Gole-de-lata e tampouco se encontrou com o Mágico-do-gole. E em seu peito reinam inquietantes pulsações que o assombram em leito. Queria ele bramir de raiva, ou ao menos se aliviar, mas nunca conseguiu vociferar nada.

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