Festa. A arruaça no recinto é geral. Os sons emitidos nada formam, apenas unem-se em grande desarmonia. Ainda assim, corpos se misturam num ensaio sexual.
Há uma mulher ali, no cantinho, conversando com um homem - ou quase isto. Ele a seca com olhos ávidos e começa aproximar sua boca vorazmente ao pescoço alheio. Imediatamente ela se afasta e expressa repugna por mímica facial, desanimaria qualquer um - menos ele. Insistentemente, o melindroso recomeça o seu discurso - cheio de recursos gestuais e em intensidade fortíssima para ganhar a competição contra os ruídos de fundo. Ela parece fitar o nada e seu rosto ainda é morada de desprezo. Observando à sua volta, ela percebe a perda de momentos ímpares da festa: todos empavonados usam como chamariz a famosa dança do acasalamento, outros limitados por jeans surrados atuam o sexo sem penetração, alguns se encontram “desaparecidos” (num libidinoso não-amor, o sexo, ocupam as moitas do jardim).
Na pista, é gole que não acaba mais. E como é impressionante o seu efeito dionisíaco: a cada gole mais beleza emerge no ambiente, a cada gole mais palavras loquazes saem para persuadir a boca do outrem para um encontro de línguas pugilistas.
O pseudo-homem não teve sucesso em sua conquista e a mulher se afasta. Ela faz-se misturar na dança das amigas. O indivíduo agora nada tem, a não ser a bebida – e ele sorve o ópio com vigor.
Alguns minutos depois... Mais uma dose e ele irá de encontro ao chão. Não se importando, virou mais uma. Sobre o lema beber, cair e levantar, ele vira outra e outra... Pronto: é o primeiro corpo estendido no chão. Os amigos do bebum, também ébrios, estão prestes a saber que não mais desfrutarão da festa como imaginavam. Eles apercebem o seu companheiro ao chão semidesfalecido com o que fora seu jantar misturado ao álcool na nova camisa que foi comprada exclusivamente para hoje. Exalava um cheiro fétido agridoce.
A mulher em meio sua movimentação rítmica e acelerada observa o másculo jogado ao chão sendo recolhido pelos amigos como fezes de animal. Sorri e se enaltece por não ter se entregado ao caçador. "Fiz a escolha certa" - pensou ela.
Depois de algumas horas, o homem quase regenerado, encontra-se sozinho com sua cabeça arqueada entre as pernas num canto qualquer. Ao perceber a presença de alguém, ele ergue sua cabeça e avista um rapazinho - quem sempre desdenhara como veadinho. Ele o fita, o chama-lhe a sua pessoa e... novamente suas armas verbais serão utilizadas num desenrolo sem fim. O machão começa a desculpar-se com o Bambi e pronunciar palavras antes nunca ditas, tampouco para a linda mulher que o rejeitou - jurou até paixão. Às escondidas, os XYs atracaram-se aos beijos e envolveram-se sádica e animalescamente – pareciam estar em Brokeback Mountain.
Em direções opostas, ambos com um semi-sorriso estampado no rosto, saem realizados e retornam para a pista de dança. O Bambi - que fora o Ativo na relação - se uniu às amigas e o Ogro, felicíssimo recostou-se na parede para ensaiar uma amnésia alcoólica – amanhã ele “nada lembrará”.
Há uma mulher ali, no cantinho, conversando com um homem - ou quase isto. Ele a seca com olhos ávidos e começa aproximar sua boca vorazmente ao pescoço alheio. Imediatamente ela se afasta e expressa repugna por mímica facial, desanimaria qualquer um - menos ele. Insistentemente, o melindroso recomeça o seu discurso - cheio de recursos gestuais e em intensidade fortíssima para ganhar a competição contra os ruídos de fundo. Ela parece fitar o nada e seu rosto ainda é morada de desprezo. Observando à sua volta, ela percebe a perda de momentos ímpares da festa: todos empavonados usam como chamariz a famosa dança do acasalamento, outros limitados por jeans surrados atuam o sexo sem penetração, alguns se encontram “desaparecidos” (num libidinoso não-amor, o sexo, ocupam as moitas do jardim).
Na pista, é gole que não acaba mais. E como é impressionante o seu efeito dionisíaco: a cada gole mais beleza emerge no ambiente, a cada gole mais palavras loquazes saem para persuadir a boca do outrem para um encontro de línguas pugilistas.
O pseudo-homem não teve sucesso em sua conquista e a mulher se afasta. Ela faz-se misturar na dança das amigas. O indivíduo agora nada tem, a não ser a bebida – e ele sorve o ópio com vigor.
Alguns minutos depois... Mais uma dose e ele irá de encontro ao chão. Não se importando, virou mais uma. Sobre o lema beber, cair e levantar, ele vira outra e outra... Pronto: é o primeiro corpo estendido no chão. Os amigos do bebum, também ébrios, estão prestes a saber que não mais desfrutarão da festa como imaginavam. Eles apercebem o seu companheiro ao chão semidesfalecido com o que fora seu jantar misturado ao álcool na nova camisa que foi comprada exclusivamente para hoje. Exalava um cheiro fétido agridoce.
A mulher em meio sua movimentação rítmica e acelerada observa o másculo jogado ao chão sendo recolhido pelos amigos como fezes de animal. Sorri e se enaltece por não ter se entregado ao caçador. "Fiz a escolha certa" - pensou ela.
Depois de algumas horas, o homem quase regenerado, encontra-se sozinho com sua cabeça arqueada entre as pernas num canto qualquer. Ao perceber a presença de alguém, ele ergue sua cabeça e avista um rapazinho - quem sempre desdenhara como veadinho. Ele o fita, o chama-lhe a sua pessoa e... novamente suas armas verbais serão utilizadas num desenrolo sem fim. O machão começa a desculpar-se com o Bambi e pronunciar palavras antes nunca ditas, tampouco para a linda mulher que o rejeitou - jurou até paixão. Às escondidas, os XYs atracaram-se aos beijos e envolveram-se sádica e animalescamente – pareciam estar em Brokeback Mountain.
Em direções opostas, ambos com um semi-sorriso estampado no rosto, saem realizados e retornam para a pista de dança. O Bambi - que fora o Ativo na relação - se uniu às amigas e o Ogro, felicíssimo recostou-se na parede para ensaiar uma amnésia alcoólica – amanhã ele “nada lembrará”.
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Leitor, caso conheça algum machão que ostente sua virilidade através de palavras execráveis ou rememore conquistas sexuais libidinosas, desconfie, ele pode estar te dando mole. E para vocês mulheres, não, definitivamente ele não será o seu príncipe encantado.
Esse conto remonta um eu-lírico gay do autor! rsrsss... olha que nessa minha mente criativa nunca tinha imaginado isso, Jonatan!
ResponderExcluirparabens pelo sucesso de seu texto! Juro que fiquei imaginando que fosse até verdade tudo isso que disse!
Um gole revelador e inugmático:vodka!
Credo, cara! rs
ResponderExcluirFoi um ótimo texto, mas pelo amor de Deus! rs
Eu conheço a sua teoria de que a humanidade caminha para a bissexualidade, mas você tinha que escrever sobre isso, né? rs
Tá certo, agora nossos leitores saberão mais um tema de nossas discussões, quase intermináveis...
Parabéns!
Abraço!
P.S.: Espero que você não seja processado por usar o termo "Bambi". rs
A humanidade caminha para a bissexualidade??? Dessa eu ainda não sabia!
ResponderExcluirJonatan, vc é louco! rs
Meu querido parece as festas que a Vanessa arruma rsrs e as pessoas do texto todos ao redor de todos os tipos, raças, cores origens...rsrs ficou ótimo mas muito tem a ver com o sentido animalesco da festa feito "Brokeback"...rs...foda.bjus
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