segunda-feira, 2 de março de 2009
À Amy...
Eu olhei para o cigarro de maconha e pensei: “Talvez seja este o degrau inicial que Amy Winehouse subiu e, hoje, tem sua luz vacilante entres as estrelas da boa música”. Meu destino não é em um palco, numa silhueta curvada e remetida a uma imagem digna de pena. Nem o de Amy. Aliás, depois de ouvir suas músicas, mais me afasto da figura controversa e hedionda que estampa muitos jornais e sites. O caráter talentoso, arrojado e pulsante toma o lugar de uma pessoa problemática e instável que se delicia com álcool e outras drogas.
Amy, (chamo-a dessa forma porque suas canções a trás para uma proximidade ao fã, onde desanuvia o horizonte tempestuoso que é a sua conduta e modo questionável de vida) é a Cinderela que deu errado, o Pato-Feio da história esquecida. Não é este seu mérito. Mérito é o de não conseguir conter-se em nossa moral arcaica e idealista demais, onde os resultados são pré-avaliados por olhos cegos e razão náufraga. Mérito é ser o espelho convexo da nossa postura real. Nós é que estamos de cabeça para baixo.
Não é uma questão de mistificar o “errado”, apostar pela autodestruição e glorificar o exagero luxuriante. Não estou dizendo que Amy é o modelo a ser seguido pela garotinha de quinze anos que espera algo de bom da vida. Nem declaro o contrário. Esse paradoxo que é cativante: exemplo que não podemos ser, mas a vontade que não nos abandona de trilhar os tortuosos e desnivelados caminhos da vida. Toda vez que eu ouvir que “o amor é um jogo perdido”, me lembrarei que estamos sem fichas e se encerraram as apostas.
Precisamos ser reabilitados, de certa forma. Qual é o seu vício? Prostração aguda, quando se é preciso agir? Cegueira crônica, quando o real apresenta-se colorido e gritante, de forma que não passaria despercebido? Ilusão pós-traumática, revelada após a crítica fase da decepção “não-acredito-que-era-assim!”? Enfim, tentarão mudar-nos, levando-nos ao caos sem fim pela postura correta em um mundo com escoliose. Encher-nos-ão de clichês fajutos e deterministas sobre nossas formas de ser o que todo mundo quer, mas não tem coragem. Nossa resposta será: no, no, no!
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Dá pra ver que as músicas dela realmente mexeram com você de alguma forma. Tive que utilizar o dicionário várias vezes, tá!rs
ResponderExcluirContinue sempre tão criativo (sem fumar maconha, ok?).
Ótimo texto, amigo!
Somente ela poderia inspirar frases tão bem postas! Aplausos a Amy (também vou chamá-la assim, fiquei com inveja!)
ResponderExcluirO recem nomeado "neo-retrô" na música dela é mero adorno de sua performance impecável!
Pqarabens pela temática!
Um abraço!
"X"andy só vc mesmo pra criar algo tão extraordinário sobre uma pessoa que é tudo e um pouco mais. Vc é uma pessoa excepcional quando se trata de expor seus textos e coisa e tal. Fico admirada com sua forma de expressar, adoro tudo que escreve seja ele curto ou longo...perdoe-me pelos "X" em quase todas as palavras, mas acho q ele é meio familiar...rsrs.Bjus ficou Lindo :P
ResponderExcluirAdorei, o gole até com um temperinho a mais - drogas (apesar de nao ser rock and roll).
ResponderExcluirQue gole, hein! Tão ousado quando a Amy!!!
Ah, claro, Amy Winehouse não poderia faltar no UM GOLE DE IDEIAS, até pq quando se fala em gole ela a primeira pessoa que vem à mente. Quem sabe a Amy não vira mascote do BLOG! rs
Um gole, um gole não, muitos goles pq a Amy é insaciavel com a bebida. Uma garrafa de doce e narcótica (coca-cola com cocaina)