- Olá, Doutor! Bom dia. Meu nome é Harry. Venho para a consulta das onze horas. Tenho esperanças que a sua prepotência médica possa me ajudar. Talvez, você eleve a auto-estima deste profissional fracassado. Sei que sou apenas mais um dos muitos que entram por essa porta, mas, por favor, solicito uma atenção diferenciada. Estou depressivo! Já recorri ao manual da angústia, agora as minhas últimas soluções são: você ou uma saída de emergência.
O Dr. Deus não interrompeu aquela manifestação desesperada de socorro. Ele apenas colocou sua escuta de prontidão, esperando o primeiro silêncio para dizer seu nome e sua especialidade, primeiramente. Além do mais, através do comportamento do seu mais novo paciente, sua experiência já havia levantado algumas hipóteses diagnósticas. Após uma explanação médica protocolada, Dr. Deus perguntou:
- Harry, você está disposto a seguir as minhas orientações médicas? Pois saiba que são muito simples. Não vou receitar remédios como outros da minha classe fariam, no entanto, tudo que eu disser tem tanta importância quanto.
- Certo, Doutor. Estou aqui para ouvi-lo, pois diga.
- Então, Harry... Inicialmente, peço que comece a dar mais tempo a si mesmo: passeie mais, talvez faça uma viagem... Faça alguma atividade física que tenha afinidade. Uma simples caminhada é muito saudável. Por fim, sorria! Isso mesmo, Harry, você precisa sorrir. Veja a vida positivamente! Saia com seus amigos, com sua família... Estou me lembrando que um circo chegou na cidade, esta é uma ótima oportunidade de você sair da rotina e se divertir!
Muito empolgado com suas convictas orientações, Dr. Deus só não contava com uma informação inesperada do seu paciente.
- Mas, Doutor...
- Eu sei... Vai dizer que não tem tempo – interrompeu, Dr. Deus. Na vida precisamos de nos organizar. Faça isso e veja como os seus dias renderão.
- Certo, Doutor, mas acontece que...
- Harry, dê tempo e oportunidade para você mesmo! Além disso, nosso corpo precisa de repouso, se não adoecemos. Tire um dia de folga, vou te dar um atestado médico.
- Não, doutor!
- Você não quer o atestado, Harry?
- Não é isso... Acontece que o meu problema é bem mais grave do que você pensa.
- Mais grave? Por quê? Há alguma coisa que você não me contou?
- Doutor, eu sou o palhaço!
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