sexta-feira, 18 de junho de 2010
Eu nao vendo amor
Para uma maior compressão do texto é imprescindível ler antes “O Amor É Fogo”, de Fabrício Pacheco, e “O Último Romântico”, de Jonatan Bandeira.
Eu não vendo amor. E não esperem por rosas. Nem chocolates. Quer saber, não espere pelo amanhã e a anunciação vã de um eterno círculo de afeto. E nem pelas obrigações consensuais de um ritual cômico e fadado ao fracasso chamado namoro. Não espere de mim, pobre e incompleto, a subserviência de uma vida a dois.
Eu não vendo amor. E nem as juras secretas, os sussurros inaudíveis e as carícias de um tórrido relacionamento. Não escrevo versos e nem sei fazer poesias. Mas que se f (!)... Não espere o calor das palavras inusitadas, rimas incompreensíveis para ostentar uma sensibilidade romântica. Que Deus me tenha em bom lugar!
Eu não vendo amor. E considero inviável, embora inevitável, a união entre dois corpos. Essa ligação é sutil e superficial demais para apoiar um caminho longo “até que a morte nos separe” de exigências e expectativas invariáveis. Não acredite em mim quando digo “eu te amo”, pois quem conjuga um verbo sabe mais sobre palavras apenas.
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Opa... Gole ultra realista - que me perdoem os românticos.
ResponderExcluirAcho que esse gole é bem autônomo e independe dos outros escritos.
Muito bom...
Mas vale deixar um alerta:
"Não acredite em mim quando digo “eu te amo”, pois quem conjuga um verbo sabe mais sobre palavras apenas". Combinado?
Abração!!!
Dê-nos mais goles, seu goleiro que esconde o jogo... pode postar mais... rs
PS: essa é a terceira vez que tento comentar... por sinal o terceiro e diferente comentário... juro que se agora nao for eu nao comento mais... rsrs
uahua
Alexandre... Alexandre... amor a deus também é amor! rs... (Não resisti)
ResponderExcluirNão me chame de esnobe se citar Drummond, mas bem lembrei dele quando você falou de conjugar o verbo... veja:
"Eu te amo porque não amo
bastante ou demais a mim.
Porque amor não se troca,
não se conjuga nem se ama.
Porque amor é amor a nada,
feliz e forte em si mesmo."
Claro que gostei do gole, do intertexto e do posicionamento diante do assunto! Parabéns!!!
Dê-me goles!!!
Juro que, em primeiro momento, o meu comentário tendia a uma maldição. Amaldiçoaria a descrença do amor.
ResponderExcluirVejo realidade e sinceridade nas palavras escritas. E vejo também poesia... Paradoxos.
Me parece que o mesmo tema tão estudado nos poetas ultra-românticos, o medo do amor, se mistura com uma dose de pós-modernismo, tão bem colocada aqui. Viagem minha...talvez.
Belo texto, Alexandre!
E não resisto a uma citação:
"Não tem dúvida nenhuma que um dos mais terríveis fantasmas que perseguem o rapaz é o medo do amor, principalmente entendido como realização sexual. Causa de noites de insônia, de misticismos ferozes que depois de vencidos se substituem por irreligiosidades igualmente ferozes e falsas; causa de fugas e idealizações inócuas, de vícios, de prolongamentos de infantilismo, de neurastenia, o medo do amor toma variadíssimos aspectos. No geral poucos o denunciam claro, guardam-o no segredo de si mesmos, porque o mundo caçoa disso, converte o medo do amor numa inferioridade fisiológica risivel. Mas na verdade as suas causas ora são puramente históricas, provenientes de educação, de convivios; ora são temperamentais, provenientes da nossa psicologia, da nossa fisiologia, da nosa sensibilidade e suas delicadezas e respeitos"
Mário de Andrade, do livro ASPECTOS DA LITERATURA BRASILEIRA - Amor e medo, p.200.
"Não acredite em mim quando digo “eu te amo”, pois quem conjuga um verbo sabe mais sobre palavras apenas."
ResponderExcluirQue final brilhante,adorei!
E quem não vende amor, será que talvez compraria amor?