Imagine se, apenas por um instante, pudéssemos voltar no tempo e mudar um fato significativo de nossas vidas, apenas um. Impedir aquele grande amigo de sair de moto, evitando o acidente que o matou naquele triste sábado, prevenir aquela tia que tanto gostava, de que talvez ela devesse fazer alguns exames, estes poderiam ter evitado que o câncer a levasse embora... Ou quem sabe mudar um fato que, para a maioria das pessoas pode parecer banal, como terminar com aquele namorado que não amava, evitando, assim, que tivesse sofrido tanto por abandoná-lo quando já era tarde, quando a situação se tornara insustentável e a fez perder a razão pela demasiada hesitação em fazer o óbvio quando era a hora certa.
Escolha difícil, não é?
Talvez seja por isso, afinal de contas, que viajar ao passado seja fisicamente impossível! Há fatos demais para serem mudados. O melhor mesmo - pondera-me a vozinha chata chamada consciência - seria aproveitar as pouquíssimas chances que a vida nos dá para repensarmos nossas atitudes, fazer o que é certo, ou então termos a coragem da qual necessitamos para consertar nossos erros antes que se transformem em finais infelizes. Mas eu, senhor do meu texto, posso muito bem escolher outro tema para discorrer, afinal, diferentemente da vida real, aqui, posso manipular o tempo, transitar entre passado e presente com um simples vaivém da caneta. Posso voltar e mudar o início, reescrever a história e criar novo final.
Mas e você, leitor de carne e osso, você pode fazer isso com sua vida? Empresto-lhe minha caneta, se quiser, mas ela não mudará nada, servirá apenas para rabiscar num papelzinho aquilo que desejas mudar. Sugiro que o faça logo, antes que o implacável futuro chegue e você se pegue sentado na cama, com uma caneta e um caderno à mão, escrevendo o que faria de diferente em sua vida, caso pudesse voltar ao passado.
O texto foi construindo um clima triste e até achei que você ia falar do natal... mas não foi isso o último parágrafo ainda me reservava um desfecho fascinante. O autor meio que didaticamente o auto-descreve como um "deus" do seu texto! Isso é mesmo muito interessante!
ResponderExcluirEspero senhor que o tenha compreendido e que a interpretação de suas linhas não tenha sido equivicada do lado de cá da tela!
Parabéns pelos escritos e pela "moral" do texto também!
Feliz Natal a todos do gole!
Abraço!
Mas voltar ao passado não é estar novamente no meio do picadeiro? E isso não faz com que se tenha novamente outra visão sobre os fatos, outra perspectiva? Se fosse fisicamente possível voltar ao passado tomaríamos, na minha opinião,as mesmas atitudes,porque seriam novamente as mais cômodas ou as implacáveis impostas.
ResponderExcluirPor isso escrever é tão fascinante! O escritor é um DEUS. É a única chance que temos de dominar e criar as emoções... Recriar tudo e depois destruir novamente.
O escritor é um insastifeito, sempre!O fato é que um dia ele tem que por um ponto final em cada história e ai vem o dilema: o que e a quem ele vai mover como peças de xadrez?
Vem o desespero e o peso da couraça humana lhe arrebata a estrutura... É hora de ser DEUS novamente. Criar o menino, criar o homem... Destruir o homem, destruir o menino e construí-los novamente.
Percebam que todo escritor é um DEUS (como bem disse o Lucas “senhor do seu texto”), mas nenhum DEUS, pelo que vemos da história humana, é um escritor.
Parabéns, ótimo texto!
Conhece "Efeito Borboleta". Não o filme, mas a Teoria?
ResponderExcluirDizia ela: um simples bater de asas de uma borboleta,
em qualquer parte do planeta, pode causar um furacão do outro lado do mundo.
Ninguém provou isso - ainda bem!
Mas o fato é que nosso caminho se bifurca em alguns lugares,
levando-nos a escolher algo.
Sempre escolhemos. E, detalhe, sempre achamos que escolhemos o errado.
O que fazer? Não, a borboleta não precisa morrer. Ela não tem culpa.
É vida esse jogo de escolhas e emoções que vem com as surpresas.
Ótimo texto, Lucas, Vice-Guru do Gole!