UM GOLE DE IDEIAS

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.: Um Gole De Ideias :. -> Dois anos no ar!

.: Alexandre Lopes :.
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segunda-feira, 26 de julho de 2010

OFF


Hoje, quero estar off do mundo. Desliguei meu celular. Não quero ler absolutamente nada. Tomei meu Rivotril e estou caminhando a passos largos para meu universo particular. Nem meus próprios pensamentos cabem em mim nesse momento de revolta contra tudo.

Aos amigos, com carinho, peço que me deixe submerso na forja da minha pseudo-paz. Hoje é segunda. O Dia Internacional do Desespero. Muita gente morre de infarto nas horas inicias desse fatídico dia. Quero ser apenas um corpo que vaga por ruas desertas sem atenção para nada.

Não quero ouvir músicas, jogar Paciência, encontrar conhecidos. Quero apenas estar distante, indisponível. Ser nada mais que uma massa de gordura e pêlos que apenas respira. Abrir mãos dos sentidos, dos devaneios, das aspirações. Estar deslogado das conexões ao redor. Não ser mais eu.

Espero que esse vício de dizer adeus a si mesmo me deixe essa noite. Estou com dificuldade até para escrever esse texto. Preciso somente de mais algumas linhas. Gosto que meus parágrafos tenham o mesmo tamanho. Esta aí outra coisa que preciso abandonar por hoje: a forma.

quinta-feira, 22 de julho de 2010

O Melhor Amigo


Não chore. Não pense em nada agora. Deixe esse abraço dizer coisas ocultas sobre verdades singelas. Eu sempre estive aqui, você sabe. Podia não ser notado, mas estava presente. É que olhando por essa ótica pessimista e ressentida fica difícil perceber algo além dos seus próprios problemas.

Falando em seus problemas, eu acho interessante a forma como você caracteriza os "seus problemas". É engraçado, porque você sempre se coloca em meio aos furacões. Mas desconsidera os locais seguros que indico a direção. Parece que você gosta de batalhas, nas quais não pensa em sair vencedor.

Você se auto-sabota. Admita isso, rapaz! Pare de forjar as incessantes crises, de incitar as lágrimas e moldar essa tristeza que já não agüenta mais ser sua única companhia. Essa vida de ostracismo e lamúrias não combina muito com suas pretensões. Olha para os caminhos que escolheu trilhar. Viu? É coisa de quem gosta de solidão?

Espere. O velho e fatídico ditado "apressado come cru" faz algum sentido se desconsiderarmos os ideais convencionais de um mundo corrompido. Não sei para quê tanta pressa. O mundo gira em um círculo de oportunidades infinitas. Balela quem diz ao contrário. Assista a magia da vida como quem espera a próxima estação.

Você fala sobre descaso e falta de amor. Lembra-se que foi você quem quis me abandonar primeiro. Não que eu o faria depois, mas é você quem não dá a mínima para as coisas que eu demonstro cada dia. Eu esperei impacientemente a hora que você iria olhar para trás e perceber que eu nunca movi um passo em direção oposta ao lugar que você mesmo escolheu ficar.

Você pensa assim: "Mas se você me ama, como pôde deixar que tudo isso acontecesse?" Eu simplesmente não queria que nada disso acontecesse. Eu compreendi sua perda e dor, mas saiba que foi necessário. Se nada tivesse acontecido, jamais teríamos essa conversa. Ah, e amor não limita os passos, mostra caminhos.

Não foi minha culpa, muito menos sua. Não estou aqui para julgá-lo. Quero apenas que você volte alguns passos e repare na beleza que emerge dos domínios da paz. Há muito tempo você não sabe o que é descanso, não é? Prepare-se. Porque daqui para frente, sua vida não será mais a mesma. Não enquanto eu for o seu melhor amigo.

quinta-feira, 15 de julho de 2010

O crime da casa ao lado


Um embrulho plástico no canto do cômodo desocupado da casa, já se fazia notar mesmo para quem estivesse no quintal. Uma medida desesperada, já pressupondo suposições dos vizinhos, antecipa a ocultação daquele fardo. Os cães do quintal se alarmavam.

Na noite passada um cara alto e negro retirou do embrulho uma peça mole e encharcada de um líquido espesso e lançou-lhe aos cães. Os animais agitados lutavam por resquícios da peça. Este mesmo ato ainda se repetiu duas ou três vezes pelo homem.

Dois dias antes... Da minha janela consigo ouvir uma agitação na casa vizinha. As outras pessoas da rua temem o proprietário. Dizem que ele é ex-policial. Não conheço o passado tampouco o presente lícito ou não deste sujeito. Sei que por duas vezes me olhou nos olhos com ares de reprovação. Deste dia em diante passei a notar os movimentos da casa ao lado.

A rua onde moro é pacata. Gosto de estar por aqui a olhar o movimento que acontece vez ou outra. Minas Gerais tem mesmo este ar de melancolia na poeira que levanta do chão de terra batida. Ao longe se aproxima um senhor, ele é negro e alto. Nunca o vi por aqui, pensei. Acompanhei cada passo até que me notou. Em um instante apenas, vi os olhos reclusos desse homem atravessarem os meus como quem interroga um fugitivo. Ele não disse nada, passou por mim como que por uma pedra.

Depois do que parecia ter sido uma festa, o clima da casa ao lado ficou tenso. Não fico mais exposta como antes. E daqui onde estou vejo pouco. Ouço os cães mais mansos e alguém que me parece jovem demais resmunga o tempo todo. Ensaio uma denúncia anônima, mas ainda não tenho suspeita de que crime seja...

Sequestro e assassinato.

quinta-feira, 8 de julho de 2010

O HOMEM NÃO É DEUS?!


“Não se discute com o ignorante”. Mesmo um analfabeto, que infelizmente não lerá este gole, tem este dizer como um norteador da sua inteligência emocional. Este é o décimo terceiro mandamento - não que a origem mítica dos outros doze seja de procedência certa. Seguindo esse princípio, o professor Dr. Nonel gostaria de obter seu autocontrole. Entretanto, o ateu convicto sempre perdeu tempo discutindo com os seus amigos alienados: as pedagogas pseudo-beatas, os teólogos-por-não -vocação e alguns amigos da Filosofia - os que por medo dizem ter fé.

Certa vez, na monotonia de domingo agravada pela solteirice e a infertilidade, o professor resolveu ir à missa após corrigir algumas avaliações.

Chegado lá, ficou perdido na sequência dos ritos católicos. Tudo que pode constatar foi arrogância autocrática, além de muita ignorância e o revezamento de ordens (“podem se assentar/levantar”) de um padre que evitava o sono desconcertante dos fiéis. Ao final, já nervoso com tanta hipocrisia, foi abordado por uma velha senhora:

- Meu jovem, percebi que ficou apático durante o sermão. Anuía com a cabeça a todo instante, negando a "Palavra". Por acaso, não acreditaste em Deus?

- Você não entenderia, minha senhora. Prefiro continuar-me omisso.

- Acredita ou não?!

- Por que eu deveria acreditar nele?

- Perdoe-o, Deus! Como pode mencionar o Todo-Poderoso assim: “nele”?

- Senhora, infelizmente, não possuiste os pré-requisitos para me compreender. Vive na escuridão do conhecimento. Está presa na caverna e nem ao menos pode ver um sinal de luz em sua saída.

- Escuridão?! Está repreendido esse maligno que o usa. Está sendo usado pelo demônio!

- Viu, senhora!? Não falo das trevas quando me refiro à escuridão. Está alienada! Depois de tudo que a ciência demonstrou, comprovou... Muito do que a Igreja esconde foi revelado. Em pleno ano 10 ("sempre quis dizer isso, leitor"), a minha ciência ainda é desvalorizada desta forma.

- Deus tenha piedade da tua alma!

- Eu não tenho alma, tampouco a senhora! No máximo um espírito social! A ciência nos move... O que seria do homem sem ela? Definitivamente, não é "deus" quem alivia as dores da sua artrite, é o homem!

- O HOMEM NÃO É DEUS!

A discussão terminou sem consenso: a senhora desrespeitosamente se retirou. Sem comoção alguma, todos os argumentos sólidos do professor apenas levaram-na à repulsa e à pena daquela pobre alma. Como de costume, o professor retornou à sua casa, fracassando mais uma vez na pregação do seu “evangelho científico”. Logo, repetiu para si mesmo: “Professor, tenha mais autocontrole, só mais um pouco de autocontrole... Perdoe-na, pois ela não sabe o que faz”.

sábado, 3 de julho de 2010

A Copa do Mundo é Deles




O país do futebol, hoje, é um país de frustração, de vergonha, de decepcionados. Aprendemos desde cedo a gostar de futebol, a vibrar pelo futebol, a esperar a bola balançar a rede do adversário. Mesmo que de quatro em quatro anos, aprendemos a torcer pelo Brasil e jamais pensar em derrota.

O som da vuvuzela cessa; as chances do hexa, cessam. As pausas de duas horas em frente a televisão, cessam. Resta pouco de tudo que construímos desde o momento em que a Copa na África começou. E agora, Brasil? E agora, Seleção? Mostre sua cara de decepção. Mostre o refrão entoado desde os primórdios das Copas.

Os milhões que patrocinadores investiram em jogadores pareciam pouco para motivar a corrida pela classificação. Se dinheiro não era a razão, corresse pelos brasileiros que acreditavam na vitória. Corresse pela glória de segurar uma taça do Mundial. Corresse pelo amor comprado pela pátria. Corresse...

Fica, somente, a ideia de que Seleção está guardando algo de impressionante para a Copa de 2014, no Brasil. Enquanto esse Hexa não vem, vale a pena esperar um show de futebol em um Mundial nos limites de nossa fronteira.
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