UM GOLE DE IDEIAS

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sexta-feira, 5 de março de 2010

Filhos da democracia

Perturbado pela atual cena política nacional, faço uma pergunta: o que está acontecendo com a geração anos 90? Incluindo-me na mesma, sou de 1988; nascemos praticamente juntos com a instauração da democracia no Brasil, o sonho tornara-se realidade, o país estava livre, finalmente, e nós, nascemos livres. Esta pergunta surgiu de uma constatação óbvia, futuramente a nação será governada por nós. E o que faremos? O que temos a oferecer? Tenho certeza que não ofendo ninguém ao dizer que minha geração tornou-se a geração sem-educação, quando deveria ser o oposto, visto que o acesso à educação - do básico ao superior - é bem amplo. Curso Letras na faculdade, serei professor e imagino um aluno me mandado tomar no c*, porque o repreendi ou lhe dei nota baixa. Mas como, se meus futuros alunos nasceram, em sua maioria, na geração 2000? Esses terão acesso praticamente ilimitado à informação, cultura e educação. Mas infelizmente herdarão o que nós deixaremos.


O cenário político-social do início dos anos 80 foi marcado pela luta de nossos pais para que o país saísse da era negra da ditadura militar e entrasse na iluminada era democrática. Muitos foram presos, torturados e mortos, mas conseguiram alcançar seu objetivo porque acima de tudo, acima da dor e da humilhação, tinham um ideal. Vieram de uma geração confinada, em que a única opção era a opção “a”, que o governo lhes dava. Mas com o idealismo que os movia e os motivava a seguir em frente, lutaram bravamente para que seus filhos, para que nós pudéssemos escolher uma opção “b”. Às vezes, chego a pensar que o idealismo morreu junto com o velho Tancredo, o primeiro presidente eleito democraticamente... Enterraram a arma que usaram para concretizar seu objetivo, como se não houvesse mais batalhas a ganhar. Nossos pais empenharam-se tanto para termos o que eles não tiveram que se esqueceram de nos dar o que eles tiveram: idealismo e coragem para que fôssemos uma geração forte, educada e consequentemente, extraordinários seres humanos e líderes em quaisquer áreas de atuação.


Invejo meus pais... nasceram da geração sem esperança e na marra tornaram-se a geração idealista, a geração ideal! E eu, e nós, geração anos 90, futuros líderes, filhos da democracia e agimos como anárquicos, seguimos nossas próprias regras porque nada mais importa a nós do que nosso próprio umbigo. Um brinde a nós, filhos da anarquia democracia!
Ontem o presidente Tancredo faria 100 anos, morreu em 1985... o ano da morte do idealismo.
Por fim, deixo registrado aqui, meu apelo: Exumem Tancredo Neves!

6 comentários:

  1. A divisão histórica é fria... o reconhecimento de mártires também... o tempo tem que passar para reconhecermos o nosso próprio êxito. Entre os vícios e virtudes, claro. A causa política é mesmo nobre, e percebo que somos retrato da nossa época... a vontade e a possibilidade de se expressar, por exemplo. A gente colhe os frutos da geração passada sem nem se dar conta disso... vai ver o que a gente precisa é de tempo.

    Boa temática... e bons argumentos! BRAVO!

    Abraço!

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  2. Não é apenas a geração anos 90 do Brasil que está assim,mas toda a juventude mundial está com esse hiato na mente e nas atitudes.Sinceramente essa geração não tem mais solução.Estamos entregues aos modismos culturais e musicais e sem o mínimo interesse pelos fatos políticos.
    E verdade seja dita não apenas os jovens,mas também os nossos pais são bem alienados,alienados hoje.
    Nos importamos muito com futebol,nos preocupamos por qual motivo o Dunga não escala o Ronaldo;nos indignamos com fato do Dourado não ser eliminado do BBB,mas não vejo ninguém em nenhuma rodinha de esquina indignado com a corrupção e com vontade de realmente agir
    Esse tem eleição.Acredito mais uma vez que dessa vez iremos mudar os governantes e iremos nos importar com quem elegemos.Sim,eu acredito

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  3. Nossa... Um apelo a nós. Agora nos anos 10. rs Pois eh, regredimos, eu sei. rs

    Como disse o amigo de gole, Alexandre, a necessidade faz o gênio... E por que não, gênios com vontade política. Eh, Lucas, estamos acomodados nesse Brasil... Pra/pq que Lutar?

    Enfim... ao menos o Gole se expressa e demonstra as suas vontades e angústias...

    ...

    Lucas... ótimo texto Lucas, bem vc... Nessa forma de púlpito-diário. rs

    Destaque, pro recurso da palavra em grifo pra demonstrar exitação com muito sarcasmo...

    Abç!!!

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  4. Deixe o Tancredo onde ele está o que precisa ser exumada é a juventude brasileira ilhada em nada vezes nada.
    Mas as tuas inquietações é um bom sinal, se a Dilma não censurar a internet um daí fazemos uma revolução

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  5. Nossa, como vocês todos foram muito profundos!
    Cheios de vigor político... é isso aí, vamos incitar essa juventude sem ideais!
    Eu sou da geração 80, lembro-me vagamente de tudo que houve em 1984... lembro-me do Sarney substituindo o pobre presidente morto antes da posse...
    Viva o Tancredo!

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  6. Não acho que somos menos idealistas que a geração passada. Só não brigamos da mesma forma. Não posso negar que há certo comodismo, que mina nossa visão. Mas o "acesso praticamente ilimitado a educação" gera esse tipo de comportamento: análise do que é ideal. Na boa, combater a corrupção - analisado só um fator que deprime o povo - é lutar contra a própria sociedade. Ela é que expele para o Planalto esses políticos egoístas e fajutos! Bom, texto Lucas!

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Muito obrigado pelo seu comentário (dose)!

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