Hoje, depois de um longo hiato comigo mesmo, sentei-me ao piano. E ao soletrar algumas notas meus dedos tateavam um dó menor diferente. Menos triste talvez. Mas isso não é nem de longe a causa mor da felicidade, talvez seja eu mais triste que o pobre dó desta vez.
A mão que pressiona suavemente aquelas teclas amadeiradas mal fazem falta a outro par de mãos. A solidão me pesa e pende um sacrifício interior de exposição do desespero. A música exagerada segue soando nos meus ouvidos e ganha corpo diante da minha voz muda.
Anuncia-se o tempo vago. As notas passam por mim não mais eu por elas. Mal sei o meu papel neste momento. Acalento cada uma que roga pelo meu intento. Adormeço a fadiga do mundo que ainda hoje tiveram junto de mim. Cada nota leva consigo um pedaço meu.
Não sou mais matéria, divido com a música o poder do abstrato. Penso na ideia do mundo e o quanto significa esta música. Penso quanto significo a mim mesmo e a meus próximos. Não penso mais... a resposta de mim já vem torcida enquanto a música segue linda.
A arte não é entretenimento... pinga sangue em cada frase, tela, movimento, cor... Não sou e nem queria ser poeta. Dói. Tenho pena dos que tiveram a pena nas mãos... Saltam de mim umas notas que eu mesmo não entendo. Hoje meu mundo que era sol descansa em dó menor.
Que bonito, Fabrício! Faz tempo que não lia textos seus sobre poemas e canções. Estava com saudade desse seu universo subversivo que você chama de arte, rs... Tristeza em Cm. Gostei disso, embora prefira Am... Até mais!
ResponderExcluirAlgumas melodias em um triste Cm para acalmar, ou desesperar os corações. Bravo Fabricio o/
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