sábado, 30 de outubro de 2010
Eles são mais felizes
domingo, 24 de outubro de 2010
ESTÚPIDO CUPIDO
Por Zeus! O teu estado de saúde é gravíssimo! Perdoe-me pelo acontecido... Eu só queria mesmo ajudá-lo, dando-lhe amor. Juro pelos deuses que, em momento algum, as minhas flechas visavam feri-lo, ainda que eu mirasse o teu coração.
Exagerei nas doses de amor, eu confesso! Mas, em todos estes séculos como cupido, nunca peguei caso como o teu: possuíste uma barreira impenetrável, uma barreira anti-amor. Ao comunicar isto ao meu chefe supremo, ele, com a maldade que lhe é própria, ordenou que eu aumentasse minha precisão e o concentrado de AMORAX, além de persistir em você. Veja agora aonde terminou a minha obediência: num mar de lágrimas. Acabei despertando o mau do milênio: a depressão.
Nem como arcanjo posso tomar juízo do quanto sofreste, entretanto imagino o que deveras sentir. Ouvi dizer que é maior que o mundo: a dor do amor é maior que tudo. Ainda assim, nada poderei fazer para auxiliá-lo. Pare! Pelo amor de Deus... não me culpe, por favor! Já disse que não queria destruí-lo, tampouco fui o mandante da missão.
Sei da tua vida estava tranqüila na solidão, no entanto, não era esta a vontade do Deus. Não era da vontade dele que alguém gozasse da felicidade sem ao menos saber o que é amor. Ninguém precisava escolher nada por você, eras tu somente quem podia trilhar teu caminho. Isso era invejável.
Ultimamente tem sido complicado seguir a profissão de cupido. Antes era alimentado pelo desejo que a humanidade tinha por amar, atualmente sou apenas um estorvo para a vida contemporânea. Os cupidos estão sendo considerados tão chatos quanto os operadores de telemarketing ativos (aqueles que fazem cobranças). Todos correm de mim e das minhas flechas, assim como as pessoas não querem receber telefonemas para serem lembradas do vencimento da fatura do seu cartão de crédito. O motivo: ninguém mais quer saber de amor! Ele é incômodo, numa sociedade aonde o sexo circula livre. Não é preciso encantar para obter o sexo, basta ter vontade. Desta forma, minha profissão padece com sua desvalorização.
Antes eram centenas de casais formados diariamente, atualmente é raro formar um que seja. Zeus chegou até a abrir mão da diversidade dos sexos, agora atiro em todos: formo pederastas, pedófilos e tudo mais que era anteriormente visto como intangível. Mas o teu caso é raro, pois nunca vi alguém sofrer tanto com o amor... possuíste alguma alergia ainda não identificada, talvez. Tampouco, vi alguém entrar com recursos contra Zeus, recorrendo ao próprio Diabo, por causa de amor. O acusa de perseguição devido o roubo de seu estado pleno de felicidade sem seguir preceito divino algum: nunca foste à missa, não se batizou, o casamento nunca foi nem sequer imaginado e, antecipadamente, optas por não ser velado quando sucumbir.
Enfim, tu viveste uma vida tranqüila, apesar da distância para com Zeus... isto até o dia que eu fui enviado. Resistiras às primeiras flechadas... no entanto acabou se rendendo. Agora você ama sem vontade própria e quer terminar tudo de maneira trágica: uma flechada da morte para silenciar o sofrimento.
terça-feira, 19 de outubro de 2010
See beautiful, intentions do not know*
sábado, 16 de outubro de 2010
arte e sangue
terça-feira, 12 de outubro de 2010
Tempo, tempo, tempo, tempo...
Ainda ontem tive a solução para minhas indagações, mas esse estalo criativo não é aplicável hoje. Deixa ser como será. No futuro a cura e para o hoje as enfermidades latejam. No plano político boas novas que ancoram no quando. Quando for eleito, quando vencer as eleições, quando que nunca chega.
Chegam as rugas que justificamos com experiências adquiridas. Chegam os arrependimentos que nos torna melhores amantes e alunos. Vem a vida com tropeços evidentes e ela segue sempre rumo a um eterno “pode ser”. Calados nessa clausura temporal justificamos, racionalizamos uma abstração que nem nos damos conta. O tempo, essa convenção criada por nós – homens, nos fixa a taxa de imaginação constrangida.
A minha memória recente é meio embaralhada. Às vezes vivo como se tivesse apagado um passado, às vezes sou todo futuro... às vezes CARPE DIEM. Que espécie de tempo me rege? Talvez o mesmo tempo inconcreto das promessas, ou ainda dos apressados encontros amorosos e ocasionais. O mesmo minuto de quem ama não pode ter mesmo valor de um segundo de tortura. O tempo é quase que subjetivo... se não fosse as horas, minutos, segundos.
Gastei vinte e cinco anos de experiência pessoal para concluir o que agora escrevo em menos de dez minutos. Você entende e desdiz o que eu disse em menos de cinco. Quanto mede uma dor pela perda de um ente querido? Quanto tempo para me tornar uma pessoa feliz? Que tempo tem? Quanto tempo já existiu? Tempo, tempo, tempo... Felizes os que habitam a esfera menos preocupada que chamam loucura. Felizes os filósofos que admitem e se satisfazem com as perguntas.
Para os comentários: que espécie de tempo te rege? (momento café filosófico, participem!)
Esse texto surgiu a partir da música "Oração ao tempo" de Caetano Veloso que aqui ouviremos a versão fundida ao poema "Poética" de Vinícius de Moraes na voz de Maria Bethânia.