Aquele cartão na minha mão não era precisamente um convite à discrição, e eu muito menos era, o que se podia dizer naquela ocasião, confiável. Estava feliz por ter construído uma confiança num meio não tão respeitável. Eles não tinham o costume de fazer amigos assim como aconteceu comigo, mas confesso que lapidei friamente com sorrisos e apertos de mão que não foram o que posso chamar de sinceros.
Lá no fundo do pátio, eles contemplavam curiosos os movimentos sutis da mão do líder. Um grupo deles. Ele, o único sentado, escrevia alguma coisa. Pela cara dos que o cercavam não era nenhum jogo de azar. Logo de cara imaginei uma oportunidade de me livrar desse cárcere imundo. Mas como conseguir aquele bilhete ainda era difícil de imaginar.
Antes do banho do sol, nós sempre obedecemos a um sonoro apito; e mecanicamente nos enfileiramos, cela por cela, rumo ao refeitório. Fica a sorte encarregada de combinar pessoas certas à mesa, dessa vez sentei-me junto ao líder. Eu o chamo mentalmente assim, não gosto daqueles apelidos chulos que circulam por aqui. A conversa que, porventura acontecera, deveria seguir o padrão entre-dentes de intensidade sonora. Supus algum plano de fuga, o primeiro e mais óbvio que veio a cabeça, e aquele troglodita achou viável. Sorte minha, pensei.
Certo dia, sentado junto à grade de entrada da minha cela, ouvi ao longe os vizinhos combinarem algo. Um código quase que rudimentar era usado, mas bastavam uns minutos de atenção que até mesmo quem nunca ouviu falar em tráfico decifraria os movimentos pra lá de previsíveis. Eles falavam de um grande pedido, um número grande e de uma missão muito sigilosa que não consegui entender direito. Aquele esquema me renderia um ensaio premiado sobre o código dos presídios.
Cruzei o pátio rumo àquele monte de descamisados. Não era corajoso o adjetivo que atribuiria a mim naquelas instâncias. Quis retomar a intimidade e usar da inteligência que exibi para o manda-chuva outro dia na hora da segunda refeição. Ao me aproximar percebi que eles interromperam o líder que estava a escrever. Ele me olhou com olhos ruins, mas posteriormente com certa simpatia. Fui me aproximando e cumprimentando alguns deles. Surpreendentemente depois de poucos minutos de conversa ele dobou o que escrevia pôs num envelope e o depositou na minha mão.
Hum, é impressão minha ou texto não deveria acabar onde acabou?! Odeio quando faz isso! Tipo, e eu nem vou na sua casa hoje para saber o que estava escrito no maldito bilhete. Droga! Se o motivo era o suspense, conseguiu!
ResponderExcluirHistória sem fim? Pa/
ResponderExcluirOdeio quando faz isso! [2]
Que aconteceu, ficou sem ideia pra um bom final e resolveu acabar com o texto neste ponto em que terminou? rs
Ou este texto terá uma segunda parte?
Hum...
Você podia ao menos dizer para nós, seus amigos, o que havia no bilhete, hein?
Descobri muito tempo depois que não usei uma ordem cronológica como estamos acostumados. Uma espécie de fluxo de consciência melhor explicaria.
ResponderExcluirBasicamente o conto mostra como o personagem principal conseguiu a confiança dos outros presos, se infiltrou e teve acesso ao plano de fuga. Que ele considerou imaturo. Enfim... ele deve estar preso até hoje, mais de um ano depois! rs...
Abraços!