Eu não sei o que eu ainda estou fazendo aqui. Era para eu estar enterrado ou em decomposição há muito tempo atrás, que eu me lembre. É incrível que minha família não se espante comigo, andando de lá para cá, me confundindo com um fantasma. O pior é que eles conversam comigo. Meus amigos, minha viúva ex-esposa – que até agora não se casou de novo – me cumprimentam, como se eu estivesse entre os vivos.
Vou explicar: eu morri. Não sei se me mataram ou foi por motivos naturais. Mas acontece que eu não estou mais vivo. Começou com uma dormência nas mãos. Foi subindo, subindo. Chegou ao coração e, puff, parou! Não senti dor. Até achei estranho eu ter morrido e, ao invés de um típico velório, fazerem uma comemoração do dia dos pais. Todo mundo me deu parabéns, me felicitaram. Mas eu morri!
Era difícil para eles entenderem, eu sei. Um dia desses descobri que eles podiam me ouvir. Minha família sempre foi meio esquisita, daí dizer que todos são mediúnicos, era demais. Mas não é que todos me ouviam. Finalmente disse para minha viúva ex-esposa: “Eu morri, não esta entendendo?! Morri! Arrume outro homem e seja feliz!” Ela sorriu docemente, como quando aparecia pelado na frente dela.
Eu achei que iria para o céu. Nunca acreditei em céu ou inferno. Mas se preferisse estar em algum lugar, que seja o menos quente. Não subi nem desci. Permaneci em meu lar. Não há nenhum lugar como nosso lar, mas eu estou morto. Merecia um lugar de descanso eterno melhor que minha casa. Enfim, começo a achar que eu não morri, de fato. Mas que, na verdade, eu nunca existi! Se eu penso, logo, existo... Ah, deixa isso para outro dia, estou morto mesmo!
* Delírio raro, em que o paciente acredita está morto ou não existir.
Vou explicar: eu morri. Não sei se me mataram ou foi por motivos naturais. Mas acontece que eu não estou mais vivo. Começou com uma dormência nas mãos. Foi subindo, subindo. Chegou ao coração e, puff, parou! Não senti dor. Até achei estranho eu ter morrido e, ao invés de um típico velório, fazerem uma comemoração do dia dos pais. Todo mundo me deu parabéns, me felicitaram. Mas eu morri!
Era difícil para eles entenderem, eu sei. Um dia desses descobri que eles podiam me ouvir. Minha família sempre foi meio esquisita, daí dizer que todos são mediúnicos, era demais. Mas não é que todos me ouviam. Finalmente disse para minha viúva ex-esposa: “Eu morri, não esta entendendo?! Morri! Arrume outro homem e seja feliz!” Ela sorriu docemente, como quando aparecia pelado na frente dela.
Eu achei que iria para o céu. Nunca acreditei em céu ou inferno. Mas se preferisse estar em algum lugar, que seja o menos quente. Não subi nem desci. Permaneci em meu lar. Não há nenhum lugar como nosso lar, mas eu estou morto. Merecia um lugar de descanso eterno melhor que minha casa. Enfim, começo a achar que eu não morri, de fato. Mas que, na verdade, eu nunca existi! Se eu penso, logo, existo... Ah, deixa isso para outro dia, estou morto mesmo!
* Delírio raro, em que o paciente acredita está morto ou não existir.
Como sempre com umas pitadas de humor muito bem dosadas... já disse que tenho mania de acumular esse tipo de esquisitisse, né? Agora já penso que morri e nem ao menos fui observador o suficiente pra me dar conta disso!rs...
ResponderExcluirMais uma vez digno de aplausos!
BRAVO!
HEheheh... Adorei!!! Eu que tive o prazer de er esse gole prenuciado verbalmente, venho contatar que ele eh fantastico.
ResponderExcluirE aceito o convite pra continuar a série PSICOPATOLOGIAS do gole... Fiquei tentado.
Nossa... seu texto eh algo sério que me trouxe muitas risadas dos tropeços de um vivo moribundo. rsrs Legal mesmo é q ainda por cima ele "vive" na angústia de não ter partido para um lugar melhor que sua casa. rs
Abç!!! Gole excelente!!!
Alexandre,Alexandre!
ResponderExcluirVocê é incrivel.Cada tem,eim?
rs
Um morto vivo ou vivo morto? agora fiquei confuso.rs !
Parabéns pela história e por sempre trazer o fora do comum,do esperado!
Com esse humor na medida certa!
adoro ler você!
Alexandre e suas manias de doenças estranhas! rs
ResponderExcluirEu sou o hipocondríaco da turma, esqueceu?
Sou eu quem deveria criar essas histórias e doenças incríveis! rs
E pra variar usou de humor, dessa vez um tanto mórbido, né?
Humor ácido! rs
Sdoro essas coisas que você inventa, cara, pelo menos não tinha uma bruxa nem uma varinha mágica, pra variar! rs
Ótimo texto, amigo!