Como uma multidão de sombras, a totalidade daquelas coisas que ali habitavam se somaram numa aproximação repentina. Antes disso, cada um com sua particularidade, repousavam na calma solitária das coisas vazias. Antes de começarem a querer ser um, todos eles elaboravam seu mundo na costa solitária e quotidiana. Uns se somavam em par e conseguiam umas cores novas, outros permaneciam negros e mudos.
Há de se notar certo tom de arte naquelas sombras. Todas elas aquarelas em ponto de acabamento, esperando um mergulho solitário de quem se atrever. Assim umas miram as outras, mas o terror da culpa pesa a locomoção. Estáticos de evolução e encantamento, cada coisa segue não sendo do mesmo jeito que antes. Mesmo assim as temíveis associações não tardavam a acontecer, diziam os otimistas.
Nunca tinha notado a beleza das sombras. Elas estáticas tendem naturalmente ao cinismo. E a paisagem vaga da falta das coisas aterroriza qualquer evolução não prevista. O nada se dissipando ao passo que os planos de união surgem. As benditas e sossegadas, as temíveis e amaldiçoadas, as medrosas e refugiadas, as religiosas e recatadas, os monges trôpegos, as fadas ligadas... todos esses e outros em assembleia planejam.
Há de se notar o entusiasmo das virgens desoladas, e o frio olhar dos santos libidinosos, todos eles nus de suas realidades. As sombras se deixam perceber por debaixo dos panos podres da antiga carapaça moral. Agora todas elas despidas encorajam-se lentamente e se afastam em círculo. E mais e tanto... até que esbarrem no limite máximo, entreolham-se, e ao contar três começam a correria desenfreada, o circulo se estrangula e se encurrala e todas se reúnem em choque.
A ideia!
Como uma multidão de sombras, a totalidade daquelas coisas que ali habitavam se somaram numa aproximação repentina.
Há de se notar certo tom de arte naquelas sombras. Todas elas aquarelas em ponto de acabamento, esperando um mergulho solitário de quem se atrever. Assim umas miram as outras, mas o terror da culpa pesa a locomoção. Estáticos de evolução e encantamento, cada coisa segue não sendo do mesmo jeito que antes. Mesmo assim as temíveis associações não tardavam a acontecer, diziam os otimistas.
Nunca tinha notado a beleza das sombras. Elas estáticas tendem naturalmente ao cinismo. E a paisagem vaga da falta das coisas aterroriza qualquer evolução não prevista. O nada se dissipando ao passo que os planos de união surgem. As benditas e sossegadas, as temíveis e amaldiçoadas, as medrosas e refugiadas, as religiosas e recatadas, os monges trôpegos, as fadas ligadas... todos esses e outros em assembleia planejam.
Há de se notar o entusiasmo das virgens desoladas, e o frio olhar dos santos libidinosos, todos eles nus de suas realidades. As sombras se deixam perceber por debaixo dos panos podres da antiga carapaça moral. Agora todas elas despidas encorajam-se lentamente e se afastam em círculo. E mais e tanto... até que esbarrem no limite máximo, entreolham-se, e ao contar três começam a correria desenfreada, o circulo se estrangula e se encurrala e todas se reúnem em choque.
A ideia!
Como uma multidão de sombras, a totalidade daquelas coisas que ali habitavam se somaram numa aproximação repentina.
Fabricio e todos vocês que fazem este blog: em que mundo vivem? como conseguem fazer crônicas com temas tão...Assim... rs
ResponderExcluirParabéns,escritor
me fez ler este texto algumas vezes! rsrs
Obs: Voltem a postar,porra(xinguei)
Não sabia que era assim. É, assim mesmo! Não sabia que era assim que surgia a ideia. Estranho: não sabia que era assim, mas soube, no momento que terminei de ler, que era exatamente assim que surge uma ideia. Comentário um tanto quanto paradoxal. Mas deixa para lá. O texto já é ótimo. O comentário que se f...
ResponderExcluirLi, reli e reli de novo. rs
ResponderExcluirMuito interessante essa fase de formação da idéia.Um pouco complexa, mas fantástica.
"repousavam na calma solitária das coisas vazias","O nada se dissipando ao passo que os planos de união surgem"
Que mania é essa de as coisas surgirem do nada?! A idéia vem do nada, o universo tb surgiu do nada! Que ousadia! Queria eu que comigo fosse assim também...mas não foi.
Belo e criativo texto!
Um recorte, só porque fala um pouco dessa filosofia toda:
"Suponho que o compositor de uma sinfonia tem somente o pensamento antes do pensamento, o que se vê nessa rapidíssima idéia muda é pouco mais que uma atmosfera? Não. Na verdade é uma atmosfera que, colorida já com o símbolo, me faz sentir o ar da atmosfera de onde vem tudo. O pré-pensamento é em preto e branco. O pensamento com palavras tem cores outras. O pré-pensamento é o pré-instante. O pré-pensamento é o passado imediato do instante. Pensar é a concretização, materialização do que se pré-pensou. Na verdade o pré-pensar é o que nos guia, pois está intimamente ligado à minha muda inconsciência. O pré-pensar não é racional. É quase virgem."
(Um sopro de vida - pulsações - Clarice Lispector)