UM GOLE DE IDEIAS

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sexta-feira, 12 de junho de 2009

O “SENTIDO” DO AMOR



A todos os namorados


- “Eu vejo sentimentos, os verdadeiros sentimentos das pessoas - sussurro.

- Com qual frequência?

- Todo o tempo”.

***

Há algumas décadas que sou assombrado pelas couraças da verdade, ainda que estas estejam ocultas no mundo do amor. Haja visto que o amor é cego – surdo e mudo.


Quando assisto o tal sentimento, vejo-o em preto e branco, ao passo que as pessoas relatam visualizarem um mundo de cores, vivas e intensas. Tomando um empréstimo de uma das metáforas do Jabor, eu diria: o amor pra mim é analógico, para os outros, digital.


Lá estão meus avós. Fortalecidos matrimonialmente pelas bodas de ouro. É de se invejar – todos pensam. Muitos se espelham nesse relacionamento, que perdura, que é à prova do tempo. Mas quando olho para aqueles dois velhinhos, já faço minha leitura, distante dos olhares cegos e encantos do outrem:


- “Cinquenta anos de convivência, hem!? Como pudemos nos aguentar? - vovó diria.

- O matrimômio foi o nosso contrato. Tivemos testemunhas para que todas as cláusulas fossem respeitadas. Além disso, filhos. Nossos filhos afastaram quaisquer esperanças de quebrarmos o nosso contra-ato 'amoroso' - respoderia vovô”.


Mas isso se sucedeu há meio século, porque hoje... nada segura ninguém. Talvez culpa da independência feminina e do espaço cada vez delimitado do universo masculino. Sei lá!

Outro dia, na praça, aquela aonde rodam os namorados, vi um casal unido pelas mãos. Uma amiga logo se pronunciou:


- “Oh! que casal mais lindo. São perfeitos! Olha como eles se olham enquanto caminham”.

Fui obrigado a respondê-la à meu olhar.

-”Não, eles não são perfeitos! Discutem na maior parte do tempo quando se encontram. Ah! e eles não estão caminhando, não. Estão desfilando. Vê como seus narizes estão empinados? Então: um ostenta o outro, como se fossem peças da vitrina de uma butique famosa. São apenas marketing social”.


O universo amoroso é hipócrita. Cheio de máscaras. Impressiona-me como esse sentimento míope motiva tantas graças. Mas, como?


Enfim... Hoje é dia dos namorados. O comércio agradece. As indústrias sexuais - Motéis, sexy shop, bombonieres, floriculturas, perfumarias, etc - agradecem. Este é o dia intermediário às idealizações e à realidade: o amor incondicional hoje é manifesto ativo em todas as castas, isto posterior à cinco meses de “trancos e barrancos” e anterior à frustrações quando revisita-se as juras de amor nunca cumpridas.


Quantos olhares me definham... Intitulam-me como atípico, anormal, por causa da minha posição. Digo, do estado civil pelo qual opto, este que provém da habilidade do “olharalém”. Sou o não-namorado, um extraterrestre. Existe tanta pressão para que eu me candidate ao PHA (Partido dos Hipócritas Apaixonados)? Pra quê? Será que sofrer por amor me trará vantagens? Não. Todos os casais são grandes masoquistas - alguns sádicos.


Sabe? A paixão é uma grande eliciadora de psicopatologias: ficam obsessivos compulsivos pelo Outro, autistas para o mundo e depressivos para consigo mesmo. Depois de todas esses acometimentos mentais-sociais, ainda assim eu sou visto como um louco, o anormal. Pois é, acho melhor ficar com minhas loucuras. Ficarei com os meus pensamentos e minhas percepções do amor, assim mesmo, solitário. Um dia alguém me entende.


5 comentários:

  1. Que desânimno amoroso, cara! rs
    Mas eu te entendo, conversamos muito sobre este tema por esses dias... Romântico que sou, só posso entendê-lo, mas não concordar com você.
    Como o Fabrício disse, você está muito parecido com o Gleidson! rs
    Mas você querendo ou não, mais dia, menos dia, vai se apaixonar! rs

    Parabéns pelo texto, amigo!
    Abraço!

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  2. Consigui te ler na maior parte das entre-linhas gritantes do texto... mas resolvi fazer um recorte que contradiz o ideal "anit-amor" que você usou tão bem no texto:

    "Um dia alguém me entende"

    Seria isso uma esperança? enfim...
    Parabens pelo texto, cara!

    PS.: Fiquei tentado a escrever sobre o tema também"!

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  3. Que belíssimo texto...ficou um gostinho de quero mais...pena quando é divino o texto vc escreve pouquinho ou deixa ele mini.
    "A paixão é uma grande eliciadora de psicopatologias: ficam obsessivos compulsivos pelo o Outro, autistas para o mundo e depressivos para consigo mesmo."

    Amei este trecho, nunca seremos o suficientes nem para eles nem a nós mesmo enquanto não aprendermos a nos amar mais...diz: o nosso subconsciente...gostei muito, achei que nem fosse vc a ter escrito o texto ainda mais sobre o amor.

    Por favor mande mais, a sede me contagia querendo mais goles.
    O pote não pode secar. bjus

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  4. Poxa! Dê uma chance ao amor!!! rs Mas ao VERDADEIRO amor*; não a essa coisa que vc descreveu!!! :D
    *se realmente é amor, é verdadeiro! Não existe hipocrisia!
    Bjs!

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Muito obrigado pelo seu comentário (dose)!

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