Havia a Flor, em meio às inúmeras de um imenso jardim. Tulipas, margaridas e até mesmo lírios, alvíssimos como a nuvem no céu. Mas esta Flor, em particular, chamava a atenção do menino. Quando criança, não sabemos dizer certas coisas. E, neste caso, não seria diferente. Ele não sabia explicar porque a Flor despertava nele um interesse diferente.
Um brilho cintilante emanava das pétalas simples. Não havia espinhos nem outras imperfeições. Lisa eram suas pétalas e um cheiro doce e inebriante destilava do centro da Flor. Ela era, de fato, a mais bela. O jardim ao redor tornava-se somente uma moldura do destino dos nossos olhos oblíquos e profundos. A Flor estava ereta e se envolvia numa beleza inominável.
Um senhor havia dito ao menino que se ele gostava tanto dessa Flor, ele deveria aguá-la, já que somente ele podia entrar nesse jardim. Porém, ele se contentava em admirá-la. Como quem observa um nascer do sol, um arco-íris ou um dia de chuva, ele não precisava estar tão perto assim da sua Flor. Ela precisava estar lá e ele, no lado oposta da rua pavimentada, a olhava.
O tempo passou e tudo mudou. O menino era homem grande, o jardim era terra solta e revirada, e a Flor estava decaída e morta. Ao vê-la assim, o ânimo do homem grande murchou ao passo que as pétalas da sua Flor preferida murchavam também. O senhor, que o havia advertido no passado, caminhava pela rua pavimentada e o reconheceu submerso nas marcas do tempo.
Ele o abraçou e disse, enquanto o homem grande enxugava as lágrimas translúcidas que escorriam dos seus olhos: “- O não molhar a Flor foi quem trouxe as lágrimas. Não a imagem que agora vê dela.”O homem grande soluçou alto e suspirou pelo tempo perdido. Podia ter aguado sempre que precisasse. Mas contentou-se somente em olhá-la. “Só olhares e palavras não mantêm vivo um amor”, disse o senhor afastando-se.
Profundo, hein?! Por vezes, a inércia faz com que deixemos tantas coisas, na nossa vida, escaparem... Bjs!
ResponderExcluirÉ sempre tão interessante a maneira como as crianças enxergam o mundo...
ResponderExcluirMuito bom o texto! Com direito a moral da história! rs
Parabéns!
A princípio, um gole extremamente colorido ainda que sejam alvíssimos os lírios. Mas no final, o homem sempre tende a roubar as cores que esvoaçam adejantes pelo jardim da sua alma. E assim aconteceu. Contudo, o erro que a princípio se fez por uma inocência pueril, mais tarde viraria um grande exemplo para que o homem trilhasse novamente o seu camigo e não mais tropeçasse na pedra que faz-se obstáculo para sua vida.
ResponderExcluirMas não sabemos o fim dessa fábula. Desde já faço minhas inferência: o Homo ne-sapiens, com certeza aprendeu a diagnosticar os seus futuros erros, contudo entrar no jardim das vacilações faz-se sua sina: o homem que pensa é, o homem que é erra. Erra por teimosia, não pelo desconhecimento pois em seu nome mora o saber: Sapiens.
Magnífico gole! A puerilidade das palavras ocultam toda seriedade da mensagem passada. É mostrar ao homem (cabeça-dura), de uma forma mais aceitável os seus erros para não repeti-los (pq é teimoso em essencia). Parabéns!
Após o homem velho se distanciar a tarde roubava a cor da velha e sucumbida flor. E o homem novo agora já velho se desbotava junto a velha amiga e cravava no leito vegetal de morte a própria tumba desconcertada.
ResponderExcluir(não resisti em opinar nessa tão doce história! Relembrando os tempos de retiiicenciiias! rs)
Um grande abraço!
E sim... foi um ótimo gole!
Seu texto pe lembra uma parábola bíblica!rs
ResponderExcluirComeça como uma historinha bonitinha, mas no fim se transforma numa lição de vida.
Assim como a flor bonita, devemos também regar nossas amizades, ter amigos é a coisa mais linda do mundo, mas é preciso cuidar bem...
Muito poético seu texto, Alexandre!
Meus parabéns!
Abraço, amigo!
Lindo Xandy...e além do mais escolheu uma foto do pequeno príncipe e sua filosofia de vida ficou perfeita com esta imagem. É o que acontece quando se deixa algo inacabado para trás ele volta mais tarde para te cobrar e de uma forma não tão boa quanto era pra ser.
ResponderExcluirBelíssimo texto, estava eu a sentir saudade de seus textos com tanta magia, diferente, como se tudo fosse de outro mundo um paraíso, um lugar até mais bonito de se viver...adoro este encanto que você causa no seu público.Bjus amei.