Hoje tive vontade de pôr cadarços fluorescentes no meu all star. Não sei se por tendência a essa nova moda que colori o espaço antes monocromático do rock ‘n roll, ou por simples chance de comunicar aos meus pés um estado qualquer de felicidade; na ânsia meio desesperada de chegar um resquício que seja de sorriso a minha mente por muito cética às atividades positivistas.
Claro, que apesar da vontade, não colocarei os tais adornos no meu velho calçado. Justo ele que sobreviveu ao movimento Grunge e deixou uma herança aos contemporâneos desde os anos oitenta. Justo ele que passou pelo furto dos Emos que fizeram isso com muitos adornos que há tempos pertenciam ao rock de verdade. Agora os coloridos ainda têm um quê de particularidade, mesmo com o assalto do all star, mas com modificação. Invejo essa felicidade toda. Talvez só os mais jovens consigam essa alegria que quase nega a nossa condição de humano. A felicidade é inteiramente inadmissível!
Mesmo que dissesse aos meus pés, mesmo que me rendesse aos solavancos da música da moda, e mesmo que bebesse Ice, nenhum estado pleno iria convencer minha mente já entorpecida pelos desafios rotineiros. Prefiro alguma coisa mistura com vodca e o velho violão a entoar canções dramáticas do Nirvana, ou ainda a melancolia do Legião Urbana e Los Hermanos. “I’m so happy cause today I found my friends”. Chega a ser engraçado imaginar o Kurt dizendo isso. Justo ele falando de felicidade... Ironia fina e elegante.
Hoje, quando quis aos meus pés aquela felicidade, imaginei na esperança meio utópica que qualquer que fosse a mudança seria bem vinda. Não acredito mais nisso. A música mostra a qualidade e os defeitos dos seus autores e ouvintes. Não pertenço a essa série de alusões contentes a contemporaneidade. Admito que não consiga entender também. Sou velho a essas concepções, mas vejo algo de saboroso neste tipo de comparação. Consegui a nostalgia comum de dizer o que sempre me disseram: antigamente... ou naquela época...
E lamentar o desperdício de qualquer coisa ou a falta de outra não é sinal de amadurecimento, vocês sabem. A nostalgia ou saudosismo só mostra a inadequação a algo novo. Talvez volte a escrever sobre algum verso de uma música do Restart; talvez tente conquistar alguns aplausos coloridos aos meus escritos. Mas por enquanto minha mente obedece a um critério meio indomável que insiste da solidão temática da inadequação. Perdoem essa ignorância toda de fundo preconceituoso. Mesmo que não use os tais cadarços, invejo a felicidade com que vocês brincam de viver.
Incrivel como um tema "banal" pode se tornar tão profundo, mesmo não tendo vivido a época do all star sujo, e do alge do Kurt, eu adimiro aquela época. Queria ter mais uns 18 anos hoje.
ResponderExcluirAdorei como abordou o tema. Não "destruiu" os caras como normalmente fazem, mas também não foi levado pela onda.
ResponderExcluirAcompanho sempre o blog e tem um selo pra vcs aqui: http://quempoderanosdefender.blogspot.com/2011/01/mais-um-selo.html
Sinto orgulho de ter estado ao seu lado nesses momentos de vodka misturada a algo! rs...
ResponderExcluirCara, o preconceito que bate em mim está cada vez mais fundamentado... Olhei o título e pensei justamente no que o Arthur comentou. Lá vem o Fabrício mostrando que o todo é uma coisa só... Mostrando o que há de complexo em todas as coisas... partindo de uma coisa pequena e transformando em grandiosa.
Eu, particularmente, acho essa nova tendência muito suspeita, se é que me entende. ;)
Tipo, há muita coisa "por trás" desses cadarços coloridos e dessa felicidade mascarante (da depressao, pq emo que é emo tem que ser deprimido - rs)... rs...
Mas no final das contas, eu jah tive um dia desses... Quando me fundi a banda Biosleek pra tocar na DC10, estava eu lá, com meus cadarços quadriculados laranja fluorescente. E gostei da experiência, além de perceber que cadarços são cadarços e que era a mesma pessoa.
Sobre o novo "rock and roll (?)", acho que somos simplesmente velhos demais para as mudanças... Lembro-me de quando Charlie Brown e Raimundos foram lançados e o quanto gostava (nem tanto... rs) e eles eram alvos de preconceito (nao da boiolagem, senao da malandragem). Hoje em dia estão aí, fazendo os trintões sacudirem a cabeça quando vão no faustão.
Enfim, cada um que conviva com o seu tempo...
PS: só usei uma vez os cadarços, se quiser dou eles pra vc! ;)
Abraço!
Não não, Jonatan. valeu!
ResponderExcluirPrefiro a liberdade do olhar de fora... (ainda posso falar mal, entende?rs)
Oi, gostei muito do blog de vcs ;D tem postagens muito boas e interessantes ; D
ResponderExcluirestou seguindo ;D
abrçs e boa semana.
http://allbastards.blogspot.com
Euu não acrediiitoooo!!Eu tava pesquisando tipos de cadarços pra all star e reparei q o meu all star só tem 5 dakeles furos por onde passa o cadarço..pk???
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