Aliás, ontem e antes de ontem e um mês atrás e os que virão depois serão meras decorrências deste tão admirável evento de nosso país. As pessoas adornadas de plumas, cores, desejos, como sempre e como nunca. Olhares vigilantes e ociosos procuram refletidos em alguém o que perderam de si mesmo. E às vezes acham – eu disse às vezes. E vem junto na bebida a desculpa perfeita. Também são tantas cores, tantos beijos pedindo ajuda para acontecer... E agente pobre que só, se rende as deliciosas tentações e viramos logo uma estatística média do evento.
Vejo pessoas comuns embriagadas se mutarem em mestres de retórica. Falam de política, de relacionamentos. E lá fora a música dita um ritmo frenético para os acontecimentos. Tudo é rápido e descartável. Tudo vem com força suficiente pra envelhecer na mesma hora. E os beijos que guardamos as pessoas interessantes nos dias comuns, no carnaval são distribuídos como panfletos promocionais.
As conversas fluem, os abraços, as danças. Ah... A dança! Que engraçado ver aquele roqueiro “headbanger” dançando forró! E meu riso se fixa. E fica ali durante um tempo... Apontando o pobre desfavorecido musicalmente e seus passos desconcertados. E do outro lado um grupo de adolescentes equipados de peruca e bebida tentam aproximar-se do grupo de meninas que por sua vez recua fingindo ainda um “cu doce” atípico em tempos de carnaval. Tem gente que não entende o sentido das coisas!
E as roupas? Curtas, coladas, inspiradas nas novelas, ou uma breve tentativa disso. Parece ter um integrante do Cailpso em cada metro quadrado. Vários olhos semicerrados e avermelhados. Abadas... Fantasias... Fetiches... Clichês. Compõem o uniforme quase que necessário pra ilustrar o caos permitido.
E mais danças e cantadas e beijos espalhados multiplicando-se na multidão. E o sol vem apontando tímido no horizonte. E há ainda uma banda lá no trio ecoando os sucessos e cumprindo a promessa de amanhecer o dia. Talvez nem eles resistam muito tempo...
Acabou! Alguns se movimentam em direção contrária, outros imóveis parecem não acreditar. E a desorganização desbota em filas que seguem caminhos diversos. As pessoas se espalham nas casas. E a multidão de foliões de dissipa...
domingo, 22 de fevereiro de 2009
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Carnaval não é muito a minha, sabe disso. Mas mesmo assim não deixo de apreciar o que você escreve, tratando sobre carnaval ou não, sempre admiro seu modo de escrever. Aliás, você conseguiu me arrastar lá pro centro no carnaval ano passado e neste ano, né?rs
ResponderExcluirSabe adoro sua maneira de escrever e que seus textos são viciantes, cada vez quero mais e mais...e sobre seu texto é uma delícia de se ler ainda mais sobre o carnaval, tão melhor parece depois que acaba, pois com sua história recordamos o passado e parece tudo tão superficial os beijos sem amor, as danças sem par fixo, as roupas sem ninguém para elogiar ou ficar bonita, pessoas q se tornam mais uma coisa feito objetos, às vezes há carnavais felizes mas todos um dia têm seu fim, e etc...Maravilhoso faz a gente querer saber um pouco mais pena que sua visão é diferente feito todos.bjus Artista
ResponderExcluir