Fazia 2 anos, 4 meses e 16 dias que eu não escrevia um texto. Seja por falta de inspiração, seja por preguiça, larguei a pena e o tinteiro de lado por todo esse tempo.
Mas hoje faz-se necessária uma exceção. Hoje eu peguei a caneta e quis escrever para você, Thaísa, que merece mais palavras do que eu poderia dizer; foge à minha capacidade conseguir descrever o ser humano incrível que você foi. Humildemente vou tentar...
Lembro-me de você pequenininha, ainda, correndo pela escola com seus cabelos ruivinhos, sempre acompanhada de outra pequenininha, loirinha; sua amiga-irmã. Tantos anos vendo as duas irmãs todos os dias, na praça, depois da aula, esperando o pai vir buscá-las naquele carro branco, que de tantas vezes que vi não me esqueço. Uma porção de anos se passou e aquela ruivinha se tornou a ruiva de sorriso encantador, como sempre te falava e você sempre ficava vermelha de vergonha, mas no fim abria mais um daqueles sorrisões. Aquele sorriso era você. A menina que, por mais que eu busque na memória (e olha que ela é excelente), jamais me lembro de um dia sequer em que você não estivesse sorrindo, de bem com vida. De uma positividade contagiante.
E nossas conversas dentro do ônibus, quando saía da faculdade e eu do curso? Ô timidez!
A voz sempre baixinha, como se não quisesse chamar a atenção de ninguém. Mas as risadas você não conseguia disfarçar, nem colocando a mão na boca. A vergonha, então, nem se fala, quantas vezes desceu no seu ponto vermelha feito seu cabelo!
A voz sempre baixinha, como se não quisesse chamar a atenção de ninguém. Mas as risadas você não conseguia disfarçar, nem colocando a mão na boca. A vergonha, então, nem se fala, quantas vezes desceu no seu ponto vermelha feito seu cabelo!
E nós, parados em frente a sua casa jogando conversa fora... acho que tenho mania de prender as irmãs Noel nessas conversas longas em frente a casa de vocês, né?
Depois que conversava contigo, sempre me sentia bem. Você tinha a capacidade de transmitir uma energia tão boa, era inexplicável as coisas boas que irradiavam de você e de suas palavras. Lembro-me de quando você me disse “Seja mais positivo, Lucas. Veja o lado bom das coisas, tudo tem um lado bom. Se você sempre esperar coisas ruins, sendo negativo, vai continuar sendo triste como você diz ser. Pensa nisso, você pode fazer tanto pelas pessoas, é inteligente, um bom amigo. Fazendo os outros felizes talvez você passe a se sentir feliz também.” Faz mais de um ano que me disse isso, mas essas palavras ecoam em minha mente sempre que me sinto perdido, mal.
Essa era você, a menina de sorriso encantador e olhos sempre brilhando, a irmã extremamente carinhosa, a amiga doce, uma pessoa que estava sempre disposta a cuidar, a ajudar, a ouvir. Você era altruísta até na hora de ser mãe, lembro quando me disse que gostaria muito de adotar uma criança quando fosse mais velha. Nessa hora foi a primeira vez que te falei: você é admirável, Thaísa! E era...
Era admirável, era batalhadora, boa filha, boa irmã, boa amiga. Aquela música da Legião Urbana parece estar virando um ditado, Os Bons Morrem Jovens. Ter você por aqui por 20 anos foi muito pouco, mas tenha certeza que deixou uma marca em cada um de nós e nunca será esquecida. O modo como nos tocava não é algo que se esqueça, nem mesmo com a ação implacável do tempo...
Espero que tenha se distraído bastante assistindo aos seus seriados favoritos que gravei pra você!
Espero que tenha curtido por horas o livro da Marilyn Monroe que te dei, foi difícil achá-lo, mas valeu à pena!
Espero que tenha rido bastante lendo meus sms e aquela carta!
Sei que não fiz muito, mas foi meu modo de dizer que eu estava por aqui.
Quis o destino, sempre irônico, que você fosse embora cedo. E vai deixar uma imensa saudade em muita gente por aqui, ruivinha. Mas sabemos que está bem agora. Um dia a gente vai se encontrar de novo, conversar, dar risada. Acredito nisso.
E agora você está aí em cima, olhando por nós. Então, o mínimo que eu podia fazer era retomar a pena e o tinteiro depois de anos, por você, e te escrever esse texto. Acho que você ficaria feliz e diria “obrigada”, ficaria vermelha e sorriria, como sempre.
E agora você está aí em cima, olhando por nós. Então, o mínimo que eu podia fazer era retomar a pena e o tinteiro depois de anos, por você, e te escrever esse texto. Acho que você ficaria feliz e diria “obrigada”, ficaria vermelha e sorriria, como sempre.
Mas, Thaísa, quem agradece sou eu. Obrigado pela lição de vida que deu.
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